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4 pessoas são presas após ataque que deixou 50 mortos na Nova Zelândia

Primeira-ministra neozelandesa afirma que é "um dos dias mais sombrios" da história do país

Polícia: autoridades trabalham em investigação sobre o ataque (SNPA/David Alexander/Reuters)

Polícia: autoridades trabalham em investigação sobre o ataque (SNPA/David Alexander/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de março de 2019 às 06h19.

Última atualização em 17 de março de 2019 às 10h48.

A polícia neozelandesa prendeu três homens e uma mulher sob a suspeita de terem atacado a tiros duas mesquitas na cidade de Christchurch, a terceira maior do país, nesta sexta-feira, 15.

Segundo a polícia da Nova Zelândia, 50 pessoas morreram nos ataques: 41 delas, na mesquita de Deans Avenue e sete na mesquita da Linwood Avenue. Uma pessoa morreu no hospital e outras 48 recebem tratamento médico.

Um homem de 28 anos foi acusado de homicídio e deve comparecer no Tribunal Distrital de Christchurch na amanhã desta sexta-feira.

Além dos ataques a tiros, a polícia de Christchurch desativou diversos explosivos encontrados em veículos.

Segundo as autoridades locais, um dos autores foi identificado como um extremista australiano.
Os ataques nesta cidade da Ilha Sul também deixaram 20 pessoas gravemente feridas, informou a primeira-ministra Jacinda Ardern. Ao citar um dos "dias mais obscuros" do país, ela denunciou uma violência "sem precedentes".

Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados. Crianças e mulheres estão entre as vítimas fatais.

A polícia fez um apelo para que as pessoas não compartilhem nas redes sociais "imagens extremamente insuportáveis", depois que foi divulgado na internet um vídeo feito por um homem branco no momento em que atirava contra os fiéis em uma mesquita.

"Está claro que isto só pode ser descrito como um ataque terrorista. Pelo que sabemos parece que estava bem planejado", disse Ardern.

"Foram encontrados dois artefatos explosivos em veículos suspeitos e foram desativados", completou.

O atirador de uma das mesquitas era um cidadão australiano, revelou em Sydney o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. "É um terrorista extremista de direita, violento", disse.

O número exato de criminosos não foi revelado, mas, de acordo com Ardern, três homens estavam detidos. A polícia afirmou que um homem com pouco menos de 30 anos foi acusado de assassinato. Esta pessoa será apresentada a um tribunal de Christchurch no sábado.

A polícia afirmou ainda que não procura outros suspeitos.

As duas mesquitas atacadas são as de Masjid al Noor, no centro de Christchurch, e Linwood. As duas estavam lotadas nesta sexta-feira para a sessão vespertina das orações.

"Corpos por todos os lados"

Um imigrante palestino que pediu para não ser identificado afirmou que viu o momento em que um homem foi atingido por um tiro na cabeça.

"Escutei três disparos rápidos e depois de uns 10 segundos tudo começou de novo. Deve ter sido uma arma automática porque ninguém consegue apertar o gatilho tão rapidamente", disse o homem à AFP.

"As pessoas começaram a correr, algumas estavam cobertas de sangue".

Outro homem contou à imprensa local que viu o momento em que uma criança foi atingida por tiros.

"Havia corpos por todos os lados", declarou.

Em uma das mesquitas estava a equipe de críquete de Bangladesh, mas os jogadores conseguiram fugir do local.

"Estão sãos e salvos, mas em estado de choque. Pedimos ao time que permaneça confinado no hotel", afirmou uma fonte da delegação. A partida entre as seleções de Bangladesh e Nova Zelândia foi cancelada.

Diversos vídeos e documentos que circulam na internet, mas que não foram confirmados oficialmente até o momento, indicam que o autor transmitiu o ataque no Facebook Live.

Uma equipe da AFP examinou as imagens, que pouco depois foram retiradas dos sites. De acordo com os jornalistas, especialistas em fact check, são autênticas.

Um "manifesto" vinculado às contas desta página do Facebook faz referência à "teoria da substituição", que circula entre a extrema-direita e que fala do desaparecimento dos "povos europeus".

As forças de segurança bloquearam o centro da cidade, mas poucas horas depois suspenderam a medida. A polícia pediu aos fiéis que evitem as mesquitas em toda Nova Zelândia.

O município abriu uma linha direta para os pais dos estudantes que participavam em um protesto contra as mudanças climáticas em uma área próxima aos ataques.

Todas as escolas da cidade foram fechadas. A polícia pediu a "todos os que estavam presentes no centro de Christchurch que não saiam às ruas e apontem qualquer comportamento suspeito".

Os tiroteios são raros na Nova Zelândia, um país que em 1992 restringiu a legislação que permite acesso às armas semiautomáticas após um massacre de 13 pessoas na cidade de Aramoana, na Ilha Sul.

Qualquer pessoa com mais de 16 anos, no entanto, pode solicitar uma licença para ter acesso a uma arma depois de participar de um curso sobre segurança.

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