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Qual o futuro do Partido Republicano com uma possível derrota de Trump?

O presidente não era o escolhido dos líderes do partido em 2016, mas ganhou a indicação com apoio popular

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (MANDEL NGAN/AFP/Getty Images)

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (MANDEL NGAN/AFP/Getty Images)

GG

Gilson Garrett Jr

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 16h02.

Última atualização em 6 de novembro de 2020 às 16h36.

Ainda que a contagem de todos os votos não tenha terminado, o democrata Joe Biden está mais perto de se tornar o próximo presidente dos Estados Unidos. Se isso se confirmar, qual será o futuro do Partido Republicano, do presidente Donald Trump?

Trump nunca tinha disputado uma eleição em 2016 nem era o candidato preferido do partido, mas conseguiu a nomeação porque, no sistema eleitoral americano, os milhões de eleitores filiados votam em seu candidato preferido nas primárias, tendo papel tão importante quanto a política interna do partido.

Durante os quatro anos de mandato, Trump continuou com discursos de campanha que trazia informações incorretas, minimizou a pandemia de covid-19 e viu a situação econômica do país se agravar. E isso não agradou boa parte dos líderes do Partido Republicano.

Ao longo da campanha de 2020, vários nomes republicanos declararam apoio a Biden, incluindo o ex-pré-candidato Bill Weld. O democrata ainda recebeu apoio de cerca de 100 líderes chamados de "Republicanos e Independentes por Biden", liderados por Christine Todd Whitman, ex-governadora republicana de Nova Jersey. Ela chegou a discursar na convenção do Partido Democrata.

Em um artigo publicado na The Atlantic, o ex-republicano, professor, escritor e especialista em relações internacionais, Tom Nichols, disse que “a transformação do Partido Republicano em um culto à personalidade é tão completa que os republicanos nem mesmo apresentaram uma plataforma em sua própria convenção”.

Na avaliação de Nichols, o grande temor dos membros do partido é tomar qualquer atitude e cair no que ele chama de esquecimento político.

“Não estou defendendo o voto contra o Partido Republicano apenas para punir os republicanos pela existência de Trump em seu partido. Em vez disso, os conservadores devem finalmente aceitar que, neste ponto, Trump e o Partido Republicano são indistinguíveis. Trump e seu círculo destriparam o velho GOP [como o partido é chamado em inglês] e encheram sua casca vazia com a paranoia e corrupção da família Trump”, afirma.

Trump já declarou que vai entrar em batalhas judiciais nos estados em que a votação for apertada, como Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, sob a alegação de fraude. Ainda não se sabe, porém, se o partido vai apoiar esta empreitada do presidente em questionar todo o sistema eleitoral dos Estados Unidos.

Trump em 2024?

Mas ao mesmo tempo que o presidente Donald Trump tem resistências dentro do Partido Republicano, ele tem amplo apoio popular, o que faz com que ele queira, por exemplo, disputar uma nova eleição.

Em entrevista à BBC na quinta-feira, 5, o ex-assessor de Trump, Bryan Lanza disse que se Biden vencer por margem apertada, Trump pode concorrer em 2024, algo inédito na história dos Estados Unidos.

“Não há ninguém no Partido Republicano que possa desafiar o presidente Trump nas primárias”, afirmou Lanza, que foi do time de comunicação do presidente na transição em 2016.

Se Trump “perder uma eleição muito acirrada”, diz Lanza, estará em posição de fazer com que o Partido Republicano o deixe concorrer novamente. “E os republicanos abririam espaço para isso acontecer”, completou.

Líder republicano no Senado deve falar com Biden

Se as projeções se confirmarem e Joe Biden vencer a eleição, ele terá de falar com o líder da maioria do Senado, o republicano Mitch McConnell, para montar seu gabinete. Isso, claro, se os republicanos permanecerem com a maioria da casa — o que ainda pode mudar.

Até o momento, nenhum dos dois fez o primeiro telefonema e aguardam o resultado da contagem de votos. Biden e McConnel se conhecem de longa data, quando o candidato ainda era senador pelo estado de Delaware. Também trabalharam juntos quando Barack Obama foi eleito presidente e os dois definiram a formação do novo gabinete.

(Com Carolina Riveira)

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