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Quais os próximos passos do Brexit após Reino Unido suspender votação?

A suspensão das votações ontem complica os planos de Johnson, que se comprometeu a romper com a UE até o fim deste mês

Protestos: Reino Unido ainda pode executar o Brexit a tempo se Johnson conseguir o apoio do Parlamento (Henry Nicholls/Reuters)

Protestos: Reino Unido ainda pode executar o Brexit a tempo se Johnson conseguir o apoio do Parlamento (Henry Nicholls/Reuters)

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EFE

Publicado em 20 de outubro de 2019 às 13h13.

Londres — O governo do Reino Unido suspendeu a votação sobre o acordo do Brexit que havia convocado para este sábado, mas pretende reativar o processo de ratificação na semana que vem.

A Câmara dos Comuns (câmara baixa do Parlamento) aprovou uma emenda que obriga o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a pedir uma extensão do prazo de saída da União Europeia (UE)

A polêmica emenda, aceita pelo presidente da câmara baixa, John Bercow, foi criada como medida de segurança para caso o trâmite parlamentar da lei do Brexit não seja concluído até 31 de outubro e evitar que o Reino Unido saia da UE sem acordo nenhum.

O novo cenário complica os planos de Johnson, que se comprometeu a romper com a UE até o fim deste mês, embora isso ainda não seja impossível.

O Reino Unido ainda pode executar o Brexit a tempo se Johnson conseguir o apoio do Parlamento para toda a legislação necessária para uma saída ordenada antes da data limite.

Johnson é obrigado a pedir um adiamento?

A lei obriga o primeiro-ministro a solicitar um adiamento da saída do bloco comunitário até 31 de janeiro antes das 22h (horário local; 19h em Brasília) deste sábado. A União Europeia pode aceitar esse pedido, recusá-lo ou estabelecer um prazo diferente.

Johnson insiste que não tem a intenção de "negociar" uma prorrogação. No entanto, o porta-voz de Downing Street, o escritório oficial do primeiro-ministro, antecipou que "o governo cumprirá a lei".

Essa fonte não detalhou se o governo planeja enviar a carta com uma assinatura diferente da do primeiro-ministro. Caso o governo não envie a carta requerida, os tribunais podem obrigá-lo.

É possível executar o Brexit antes do fim da prorrogação?

O artigo 50 do Tratado de Lisboa estabelece que um Estado deixará o bloco a partir da data em que "entrar em vigor o acordo de saída".

A prorrogação que Bruxelas eventualmente concederia seria, portanto, o prazo máximo que o Reino Unido poderia permanecer na UE, mas o governo britânico pode executar o Brexit em qualquer momento caso aprove as leis necessárias.

Quais serão os próximos passos de Johnson?

O trâmite parlamentar do acordo do Brexit tem duas fases. Na primeira, que estava prevista para este sábado, os deputados precisam dar consentimento aos termos do pacto. Na segunda, o governo deve transferir à legislação britânica os detalhes estipulados.

A emenda aprovada pela Câmara dos Comuns neste sábado obriga o governo a passar por esses dois trâmites antes de poder abandonar a União Europeia.

Até agora, Johnson só necessitava o primeira sinal verde da câmara para iniciar a ruptura, o que deixava a porta aberta para um Brexit brusco caso não conseguisse aprovar a lei relacionada.

O governo prevê começar a tramitar a lei do Brexit nesta semana, e pode decidir unir os dois trâmites em um só para acelerar o processo, ou mantê-los separados.

A passagem do projeto de lei pela Câmara dos Comuns e pela Câmara dos Lores pode ser custoso se a oposição apresentar emendas e tentar alongar os prazos.

Johnson concentrou o discurso político nas últimas semanas na execução do Brexit em 31 de outubro, o que a oposição pode ver como um trunfo para atrasar a aprovação da lei.

Johson tem o apoio necessário?

A suspensão da votação deste sábado não permitiu saber se o primeiro-ministro contava com apoio suficiente para ratificar o pacto que elaborou com Bruxelas.

O grupo de 28 deputados eurocéticos do Partido Conservador, uma das alas fundamentais na votação, declarou que é a favor do texto, o que aumenta as chances de Johnson alcançar o objetivo.

No entanto, o norte-irlandês Partido Unionista Democrático, que é aliado do premiê, se mantém contra, por isso o governo ainda precisa que alguns deputados trabalhistas e independentes votem pelo acordo.

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