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Putin vê como praticamente certa saída dos EUA de tratado de desarmamento

Fato de o Congresso norte-americano ter destinado recursos para o desenvolvimento de mísseis desse tipo indica que a decisão já está tomada, afirmou

Putin: presidente russo advertiu que decisão pode levar a uma corrida armamentista e que seu país também pode deixar o tratado (Sergei Bobylyov/TASS Host Photo Agency/Pool/Reuters)

Putin: presidente russo advertiu que decisão pode levar a uma corrida armamentista e que seu país também pode deixar o tratado (Sergei Bobylyov/TASS Host Photo Agency/Pool/Reuters)

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EFE

Publicado em 24 de outubro de 2018 às 16h14.

Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou nesta quarta-feira, 24, que é praticamente certa a saída dos Estados Unidos do Tratado de Eliminação de Mísseis Nucleares de Médio e Curto Alcances (INF, na sigla em inglês), que é considerado a pedra fundamental da segurança europeia.

O Congresso americano já atribuiu recursos para o desenvolvimento de mísseis desse tipo, "o que significa que a decisão já está tomada", comentou Putin em uma entrevista coletiva oferecida após reunião com o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte.

Ele voltou a negar que Moscou esteja violando o tratado INF, dizendo que a Casa Branca nunca apresentou provas quanto a isso e que essas acusações são uma "desculpa" de Washington para justificar sua saída do tratado. Além disso, afirmou  que os EUA foram os primeiros a infringir o acordo ao colocar na Romênia elementos estratégicos do escudo antimísseis como o sistema de combate Aegis, que segundo ele podem, "em questão de horas", passar de um armamento defensivo para ofensivo apenas com uma modificação em software.

Putin advertiu que, se depois que os EUA renunciaram ao tratado antimísseis eles também deixarem o INF, enquanto a prorrogação do Start-3 - que limita o armamento estratégico ofensivo - ainda estiver no ar, isto representará uma situação "extremamente perigosa". "Se tudo isso for desmontado, então não restará nada em matéria de limitação de armamento (...), o resultado será uma corrida armamentista", disse o presidente russo. Quanto à possível resposta da Rússia, Putin ressaltou que esta será "muito rápida e efetiva".

"No que se refere à Europa, a principal questão, se finalmente os EUA deixarem o tratado INF, é o que será feito com os novos mísseis. Se forem instalados na Europa, então, nós deveremos responder de maneira simétrica", comentou o chefe de Estado russo. Para ele, se os países europeus aceitarem isso irão colocar em perigo o seu próprio território sob a ameaça de um possível ataque de resposta.

Em seguida, Putin manifestou seu desejo de abordar esse assunto com o presidente dos EUA, Donald Trump, em 11 de novembro em Paris, onde ambos se reunirão nos atos comemorativos do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial. "Estamos dispostos a trabalhar com nossos sócios americanos sem qualquer tipo de histeria", afirmou o líder russo.

Trump disse em duas ocasiões nos últimos dias que os EUA planejam deixar o INF e aumentar seu potencial nuclear se Rússia e China não atenderem às suas razões. Já o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, garantiu ontem em entrevista coletiva, depois de se reunir com Putin, que Washington anunciará "no devido momento" a saída do INF, um tratado que ele chamou de "obsoleto".

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