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Putin retorna vislumbrando longevidade no poder

Quando seu antecessor, o atual primeiro-ministro Dmitri Medvedev, esteve na presidência, o mandato foi prolongado de quatro anos para seis


	Vladimir Putin: a democracia deve saber se defender, sustenta Putin
 (Getty Images)

Vladimir Putin: a democracia deve saber se defender, sustenta Putin (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2012 às 13h05.

Moscou - Após um parêntese de quatro anos, durante o qual, como primeiro-ministro, manteve o controle da Rússia, Vladimir Putin voltou neste ano à presidência do país, desta vez com pulso mais firme e com a possibilidade de ficar até 2024.

Quando seu antecessor, o atual primeiro-ministro Dmitri Medvedev, esteve na presidência, o mandato foi prolongado de quatro anos para seis, o que, somada a possibilidade constitucional de um segundo mandato seguido, permitiria a Putin comemorar no Kremlin seu aniversário de 72 anos.

Anunciada às vésperas das eleições, a decisão da "dupla" Putin-Medvedev de que só o verdadeiro homem forte da Rússia se apresentaria às eleições presidenciais provocou críticas e insatisfação por parte do entorno do atual premiê.

Apesar de serem poucos os que acreditam na possibilidade de Medvedev se apresentar como adversário de seu mentor político e ainda mais raros os que depositavam esperanças em sua vocação reformista, o anúncio oficial da promoção de Putin à presidência coincidiu com o início da maior onda de protestos populares do último biênio.

Embora oficialmente o fator desencadeador tenha sido as eleições legislativas - fraudadas, segundo a oposição -, para muitos opositores foi a perspectiva do retorno de Putin o que os levou às ruas.

Pedindo "eleições justas", centenas de milhares de pessoas se manifestaram nas principais cidades da Rússia e continuaram seus protestos durante e após o pleito presidencial.

A última grande manifestação opositora, realizada no dia 6 de maio em Moscou, terminou com detenções maciças de líderes e ativistas dos protestos, processos judiciais e até sequestros ao melhor estilo da Guerra Fria.


Leonid Razvozzhaev, membro do Comitê Coordenador da oposição, assessor de deputado e ativista da Frente de Esquerda, foi sequestrado na capital ucraniana, Kiev, e levado a Moscou, cujas autoridades o acusam de "preparar desordens maciças".

Junto com ele, são acusados outros dirigentes das concentrações opositoras.

Outro líder dos protestos, o deputado Gennady Gudkov, foi acusado de conciliar suas funções legislativas com atividades empresariais, e privado de seu mandato em uma simples votação na câmara, onde o governista "Rússia Unida" tem folgada maioria.

Pouco depois, um grupo de cinco meninas, que escondiam seus rostos sob capuzes coloridos, tentaram com pouco sucesso protagonizar um protesto no principal templo da Rússia, a Catedral do Cristo Salvador.

As integrantes do grupo Pussy Riot pretendiam interpretar no altar do templo uma "missa punk" para pedir à Virgem que tirasse Putin do poder. Mas elas não conseguiram cantar uma só palavra, nem sequer usar as guitarras.

Duas integrantes do trio foram identificadas, detidas e processadas, e condenadas a dois anos de prisão, provocando uma campanha mundial de solidariedade e seu reconhecimento como presas políticas pela Anistia Internacional.

Pouco depois, o parlamento russo aprovou uma polêmica lei que pretende comprometer ONGs opositoras e cortar suas fontes de financiamento externas. A partir de agora, as organizações que recebiam ajuda financeira de outros países deverão se declarar "agentes estrangeiros", o que na Rússia equivale a "espiões", ou "sabotadores".

A democracia deve saber se defender, sustenta Putin, que mais de uma vez deixou claro que na Rússia não ocorrerá nada similar às mudanças de poder sob pressão de revoltas populares que ocorreram em Geórgia, Ucrânia e mais recentemente no mundo árabe. 

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