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Putin e Trump discutem possível referendo na Ucrânia, diz embaixador russo

O embaixador russo afirmou que Putin fez propostas a Trump para resolver o conflito na Ucrânia, que já dura quatro anos e matou mais de 10 mil pessoas

Putin tenta se aliar a Trump em um momento em que os laços dos EUA com a Europa estão desgastados (Steffen Kugler/Reuters)

Putin tenta se aliar a Trump em um momento em que os laços dos EUA com a Europa estão desgastados (Steffen Kugler/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de julho de 2018 às 11h59.

Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente americano, Donald Trump, discutiram um possível referendo na Ucrânia durante a cúpula em Helsinque, afirmou o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, nesta sexta-feira, 20. "Esta questão (de um referendo) foi discutida", disse, acrescentando que Putin fez "propostas concretas" a Trump para resolver o conflito que já dura quatro anos e matou mais de 10 mil pessoas.

A medida pode ser vista como um esforço para aumentar a pressão sobre o governo ucraniano e o conflito com os separatistas pró-Rússia na região de Donbass, ao mesmo tempo em que minimiza os esforços europeus para a paz na Ucrânia.

Trump disse, pelo Twitter, que havia discutido Ucrânia com o presidente russo, mas não revelou detalhes ou mencionou um possível referendo. EUA e Rússia estão em lados opostos do conflito no país, desencadeado após uma revolta popular contra o presidente pró-Rússia e a anexação da Crimeia por Moscou em 2014.

Nem Ucrânia ou potências europeias comentaram a questão imediatamente, mas é provável que não apoiem um referendo em Donbass, região dominada pelos separatistas pró-Rússia. Os países estão comprometidos com um acordo de paz assinado em 2015, em Minsk, capital da Bielo-Rússia. O documento ajudou a reduzir os combates, mas não encontrou uma solução política duradoura.

Putin tenta se aliar a Trump em um momento em que os laços dos EUA com a Europa estão desgastados. Ambos os presidentes são críticos da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O embaixador Antonov chamou a cúpula EUA-Rússia de um "evento-chave" para a política internacional e riu da sugestão de que os dois líderes poderiam ter feito "acordos secretos".

Ele insistiu que as discussões diplomáticas devem permanecer secretas a fim de serem efetivas, mas deu alguns detalhes das conversas entre os presidentes sobre controle de armas, acrescentando que a cúpula fez progresso notável na cooperação entre EUA e Rússia sobre o futuro da Síria. Antonov disse ainda que Moscou está pronta para discutir a possível visita de Putin a Washington. O Kremlin tem a palavra final, mas ainda não respondeu ao convite.

A autoridade também denunciou o que chamou de "raiva anti-russa" nos EUA e a "severidade" da crítica americana ao desempenho de Trump na cúpula. Ele reiterou que a Rússia não interferiu na eleição presidencial de 2016 e também negou o envolvimento do país no envenenamento do ex-espião Serguei Skripal, na Grã-Bretanha.

Antonov pediu ainda a libertação de Maria Butina, russa presa nos EUA sob acusações de espionagem, chamando sua prisão de "farsa". Promotores federais americanos acusam Maria de ser uma agente secreta, se infiltrar em organizações políticas e usar sexo para estabelecer contato com pessoas influentes. Ela nega as acusações, e o Ministério das Relações Exteriores da Rússia iniciou uma campanha online para sua libertação.

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