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Putin e Erdogan discutem nova ordem no Oriente Médio

Numa visita à Turquia para participar de inauguração de um gasoduto, Putin vai tratar da crise, e das oportunidades, após embates entre EUA e Irã

Putin e Erdogan, em 2019: interesses comuns com a possível saída de americanos do Iraque (Alexander Zemlianichenko/Reuters)

Putin e Erdogan, em 2019: interesses comuns com a possível saída de americanos do Iraque (Alexander Zemlianichenko/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2020 às 06h17.

Última atualização em 8 de janeiro de 2020 às 07h27.

São Paulo — Não existe vácuo de poder na geopolítica internacional. Numa visita à Turquia para participar inauguração de um gasoduto, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, terá um encontro nesta quarta-feira com o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, em que eles devem discutir a situação do Oriente Médio e também uma maior colaboração entre os dois países.

A reunião entre os dois líderes acontece em meio ao aumento da tensão após o ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani no dia 3 de janeiro e a reação iraniana da noite de ontem, em que uma base americana foi atacada no Iraque.

Tanto a Rússia quanto a Turquia têm aumentado a sua presença militar no Oriente Médio, e os dois países têm se aproximado cada vez mais, especialmente depois do atrito entre a Turquia e os Estados Unidos, no ano passado, quando militares turcos atacaram grupos rebeldes na Síria que eram aliados dos americanos.

A aproximação entre a Turquia e a Rússia é mais uma amostra da crescente influência da Rússia no Oriente Médio. Aliada do regime de Bashar al-Assad, na Síria, a Rússia teve sucesso em derrotar os grupos rebeldes que buscavam derrubar o governo desde 2011. E sua campanha militar também foi fundamental para derrotar os combatentes do Estado Islâmico, que haviam tomado partes do Iraque e da Síria.

É do interesse de Putin continuar ganhando influência na região e se tornar uma força de segurança mais confiável do que os Estados Unidos para os países do Oriente Médio. A Rússia pode se beneficiar caso o conflito do Irã eventualmente leve a uma retirada de forças americanas da região. No entanto, para a Rússia, seria ruim se o Irã adquirisse armas nucleares, o que poderia gerar ainda mais instabilidade.

Outro assunto que deve ser destaque na reunião entre Putin e Erdogan é a recente decisão da Turquia de enviar tropas para a Líbia, em apoio à coalizão que governa o país e que é reconhecido pela ONU como o governo legítimo do país. Rebeldes apoiados por Moscou, que controlam uma boa parte do país, estão em conflito com as forças do governo da Líbia. Neste início de 2020 na região, mais do que nunca, os aliados podem ser também inimigos — e vice-versa.

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