Putin e Abe no resort termal
Final do ano, um rigoroso inverno no hemisfério norte e o presidente russo Vladimir Putin em um resort termal na cidade de Yamaguchi, no Japão. O cenário, que parece o início das férias do homem que foi escolhido ontem pela revista Forbes como o líder mais poderoso do mundo, pouco tem de descanso. É lá […]
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2016 às 05h48.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h43.
Final do ano, um rigoroso inverno no hemisfério norte e o presidente russo Vladimir Putin em um resort termal na cidade de Yamaguchi, no Japão. O cenário, que parece o início das férias do homem que foi escolhido ontem pela revista Forbes como o líder mais poderoso do mundo, pouco tem de descanso. É lá que Putin se encontra com o primeiro-ministro Shinzo Abe para aproximar as relações entre o Japão e a Rússia. Em setembro e em maio, os dois já haviam se encontrado para discutir acordos econômicos entre os dois países. É esperado que, hoje, assinem 30 projetos em setores como saúde, energia e troca de pessoas.
O encontro acontece em um momento tenso das políticas internacionais — para dizer o mínimo. A Rússia está sob o foco das lentes ocidentais com denúncias de que pode ter interferido nas eleições americanas. Também continua a apoiar as tropas de Bashar Al-Assad num sangrento combate que mata milhares de civis e inocentes a cada dia na Síria. Diante dos fatos, o encontro entre os líderes provoca calafrios nos Estados Unidos e na Europa, que têm medo de uma possível boa vontade de um grande aliado no Pacífico em relação a Rússia. A disputa territorial entre os dois países sobre as ilhas Kuril, ao norte da ilha japonesa de Hokkaido deve acrescentar uma preocupação a mais na reunião.
Abe vai ao encontro sabendo que a Rússia passa por maus bocados diante das sanções comerciais impostas pelo Ocidente desde que anexou a Crimeia em 2014. Os investimentos japoneses são indispensáveis para a economia russa e o volume financeiro já havia caído 3,7% em 2015 e é projetado para cair 0,8% este ano. Em 2015, as exportações japonesas para a Rússia diminuíram 46%, e as importações, 35,5%. Com a dependência japonesa de petróleo e o iminente aumento no preço do barril, provocado pelo acordo entre os países produtores de limitar a produção, Abe já sabe onde mirar quando negociar a cooperação econômica.
Putin, que produz mais de 10 milhões de barris por dia, ou 12% da produção mundial, sabe da carência energética japonesa. “Nós tratamos o Japão com respeito, mas precisamos saber o grau de comprometimento e quais passos estão dispostos a dar conosco”, disse o russo em uma entrevista a uma rede TV japonesa. Tóquio descreveu que a reunião é uma vitória para ambos os lados em termos econômicos. Resta saber se é uma vitória para o Ocidente também.