Putin: tensões com teto de preço do petróleo e visita de Zelensky aos EUA (AFP/AFP Photo)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2022 às 06h00.
A última semana do ano começa na Europa com tensões em alta. O governo do presidente russo, Vladimir Putin, ameaça reduzir sua produção de petróleo como retaliação a um "teto" no preço do insumo russo implementado neste mês por potências ocidentais. A redução, se levada a cabo, pressionaria os preços de energia em todo o mundo.
O embate veio depois que a União Europeia e economias do G7 (que incluem países não-europeus, como Japão, Canadá e EUA) introduziram em 5 de dezembro um teto de US$ 60 por barril de petróleo russo, motivo da nova desavença com Putin. Além disso, a Rússia já estava há meses sob embargo de exportar petróleo por vias marítimas para a UE e para países como os EUA.
A nova sanção tem feito cair os ganhos de Moscou, e Putin prometeu um decreto em resposta para o início desta semana. A Rússia ameaça cortar entre 5% e 7% o gás fornecido aos países que apoiam a medida, segundo afirmou o vice-premiê Alexander Novak na sexta-feira, 23. O impacto seria entre 500 mil e 700 mil barris por dia.
O imbróglio acontece ainda dias depois de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, visitar pela primeira vez os Estados Unidos, sendo recebido no Congresso e diretamente pelo presidente Joe Biden na Casa Branca. Na visita, Biden reforçou o apoio à Ucrânia na guerra contra os russos. O Congresso aprovou ainda na sexta-feira, 23, logo antes do feriado de natal, um novo pacote em ajuda à Ucrânia, de US$ 45 bilhões.
A Rússia já vem fornecendo menos gás à Europa desde o início da guerra, com interrupções sequenciais nos gasodutos que levam, por terra, o combustível a países da Europa continental. Tudo em meio ao congelante inverno europeu: países em todo o continente têm tido racionamento de energia ou fornecimento pouco estável, e os preços na conta de luz das famílias já estão nas alturas. Cada nova ameaça de redução no fornecimento é um risco adicional.
Enquanto isso, a guerra na Ucrânia segue sem trégua e com pouco horizonte de avanço diplomático por ora. Muitos já defendem que será preciso encontrar uma “saída honrosa” para Putin, sob o risco de que o conflito se torne interminável; por outro lado, um acordo possivelmente teria de envolver áreas das quais a Ucrânia diz que não abrirá mão, como os territórios separatistas de Luhansk e Donetsk e a Crimeia.
A guerra completará um ano em fevereiro próximo e, como a EXAME mostrou, o conflito pode até mesmo durar anos ou terminar em 2023 de forma incompleta — com cessar-fogo somente parcial e focos de conflito permanentes no leste e no sul da Ucrânia.