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Ataque de mísseis da Rússia deixa metade da Ucrânia sem luz e aquecimento

Em um comunicado, a Ukrenergo, empresa nacional de eletricidade, informou que 50% das necessidades de consumo de eletricidade não puderam ser atendidas após os ataques

War military tank on Russian flag (Jasmin Merdan/Getty Images)

War military tank on Russian flag (Jasmin Merdan/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 18h18.

A Rússia realizou um dos maiores bombardeios ao território ucraniano desde o começo do conflito no Leste Europeu nesta sexta-feira, 16, em um ataque que cortou metade do consumo de energia no país. Autoridades militares afirmam que Moscou disparou uma rajada de 76 mísseis contra alvos em diferentes partes do território, matando ao menos duas pessoas e ferindo outras oito.

A Força Aérea da Ucrânia afirmou que os disparos foram feitos a partir de posições em terra e de navios russos no Mar Negro, e que 60 deles foram interceptados por unidades antiaéreas e de defesa aérea. Dos mísseis que não foram interceptados, um atingiu um prédio residencial em Krivi Rih, matando duas pessoas e outro destruiu um depósito de armas ucranianas, segundo militares russos.

Em um comunicado, a Ukrenergo, empresa nacional de eletricidade, informou que 50% das necessidades de consumo de eletricidade não puderam ser atendidas após os ataques. "Pedimos a sua compreensão em relação às quedas de energia e interrupções temporárias no fornecimento de água e calor", informou a empresa.

O vice-chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, Kirilo Timoshenko, disse que cortes de energia de emergência estão sendo introduzidos em todo o país para racionar a energia enquanto as equipes lutam para reparar os danos à infraestrutura. Os cortes também foram confirmados pelo ministro da Energia, German Galushenko

A ofensiva russa vem em um momento em que Estados Unidos e União Europeia anunciaram novas medidas para apoiar a Ucrânia. O Pentágono confirmou na quinta-feira, 15, que começará a treinar grandes formações de soldados ucranianos a partir de janeiro, enquanto a UE aprovou € 18 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões) em financiamento para a Ucrânia no próximo ano.

Quando as sirenes de alerta de ataque aéreo soaram mais uma vez na capital, o transporte foi interrompido e as estações de metrô foram transformadas em abrigos antiaéreos para moradores que buscavam segurança contra os ataques de mísseis. As autoridades instruíram os residentes a reunir suprimentos de água em antecipação a mais interrupções na infraestrutura básica.

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O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, relatou explosões em três distritos da cidade, enquanto o governador regional de Sumy descreveu uma queda temporária de energia. Uma autoridade regional relatou três ataques à "infraestrutura crítica" em Kharkiv, que deixaram a capital regional sem eletricidade.

"Várias instalações de abastecimento de energia foram danificadas, então agora há interrupções na capital com eletricidade, água e aquecimento", disse Klitschko.

Dez mísseis também foram disparados na região nordeste de Kharkiv. Os ataques deixaram toda a área sem energia, enquanto mais de um milhão de pessoas ficaram sem eletricidade, segundo o governo local.

O prefeito da cidade de Kharkiv, capital da região, também descreveu a "destruição colossal" da infraestrutura da cidade e disse que os quase 2 milhões de habitantes ficaram sem eletricidade, aquecimento ou abastecimento de água.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou ter destruído um "depósito de mísseis e artilharia" em Kharkiv, em uma sinalização de que os alvos na cidade eram instalações militares. Mísseis e artilharia russos também atingiram postos de comando ucranianos nas regiões sul de Kherson e Zaporizhzhia, de acordo com as autoridades russas.

O órgão também alegou que suas forças derrubaram quatro drones ucranianos em Kharkiv e na região de Donetsk, e que atingiram munições para HIMARS - os sistemas de artilharia de foguetes fornecidos pelos EUA.

Os ataques russos ao sistemas de eletricidade e água ucraniano ocorrem de forma intermitente desde meados de outubro, aumentando o sofrimento da população à medida que o inverno se aproxima.

O ataque desta sexta ocorre depois de os EUA aparentemente concordarem em ceder uma bateria de mísseis Patriot à Ucrânia para aumentar ainda mais a defesa do país. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia alertou na quinta-feira que o sistema sofisticado e quaisquer tripulações que o acompanham seriam um alvo legítimo para os militares russos.

No local de uma tentativa de ataque em Kiev, comandantes militares disseram à Associated Press que o grupo móvel de defesa territorial da cidade havia derrubado um míssil de cruzeiro com uma metralhadora. Não ficou imediatamente claro se outro fogo ucraniano pode ter contribuído para derrubar o foguete.

"Quase impossível acertar um míssil com uma metralhadora, mas foi feito", disse um comandante que atende pelo indicativo de chamada "Hera".

Outro comandante, um chefe de posto militar chamado "Yevhen", disse que o atirador que interceptou o míssil "reagiu rapidamente" e disparou, e faíscas verdes voaram do foguete quando ele começou a girar e cair no chão. Nenhum dos comandantes deu seus nomes completos reais, citando razões de segurança.

Analistas disseram que os ataques russos direcionados à infraestrutura de energia fazem parte de uma nova estratégia para tentar congelar os ucranianos após as recentes perdas no campo de batalha pelas forças russas.

Autoridades e especialistas dizem que isso apenas fortaleceu a determinação dos ucranianos de enfrentar a invasão da Rússia, enquanto Moscou tenta ganhar tempo para uma possível ofensiva nos próximos meses após o atual impasse no campo de batalha.

(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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