O presidente da Líbia, Muammar Kadafi: país pode ser mais um com queda do regime (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 18h53.
Madri - Os protestos que sacodem o Magrebe e o Oriente Médio se intensificaram nesta segunda-feira na Líbia, enquanto a violência também aumentou nas últimas horas em Iêmen, Iraque, Marrocos, Bahrein e Argélia.
A situação ficou caótica em Trípoli principalmente depois que o filho do líder Muammar Kadafi advertiu sobre o risco de uma "guerra civil" no país, onde pelo menos 233 pessoas já morreram desde o início dos protestos, segundo a organização Human Rights Watch.
No entanto, fontes médicas ressaltaram que ao menos mais 61 pessoas teriam morrido nesta segunda-feira na capital.
As sedes do Governo e do Ministério da Justiça em Trípoli foram incendiadas por manifestantes que reivindicam a queda de Kadafi, no poder desde 1969, enquanto as forças da ordem praticamente abandonaram a capital, onde foram registrados saques e tiroteios em meio a rumores de que o líder líbio teria deixado o país.
Em Benghazi, a oposição parece ter tomado o controle do aeroporto, conforme relataram trabalhadores turcos, que também afirmam que grupos opositores controlam a cidade de Jalu.
Os acontecimentos das últimas horas provocaram o aumento do preço do petróleo e suscitaram temores na União Europeia (UE), que estuda a possível evacuação de seus cidadãos da Líbia.
Os protestos também atingem outros países do norte da África, como a Argélia e o Marrocos, onde nesta segunda-feira se soube que cinco pessoas morreram carbonizadas na noite de domingo em uma filial bancária em Alhucemas (norte do país) atacada por manifestantes.
Segundo o ministro do Interior marroquino, Taieb Cherkaoui, 128 pessoas ficaram feridas nos distúrbios de domingo em diferentes cidades do país e 120 foram detidas.
Na Argélia, a Polícia utilizou a força para reprimir nesta segunda-feira uma concentração de centenas de estudantes provenientes de várias províncias do país diante do Ministério de Ensino Superior em Argel para exigir a derrogação de um decreto presidencial que reorganiza as titulações referentes ao ensino superior.
"Ficaremos aqui até alcançarmos o objetivo de nossa luta. Os golpes e a repressão não vão nos deter. Lutaremos até o fim", disse um dos manifestantes ao jornal "El Watan".
A situação também se complicou no Curdistão iraquiano, onde nas últimas horas mais um adolescente morreu nos protestos e desde quinta-feira manifestantes pedem em Sulaimaniya reformas políticas e o fim da corrupção no país.
Pelo menos um manifestante morreu e outros 40 ficaram feridos por disparos da Polícia curda na noite de domingo, quando agentes tentavam dispersar os manifestantes, segundo fontes médicas, que revelaram à Agência Efe que a vítima era um jovem de 17 anos.
Na quinta-feira passada, outro adolescente, de 14 anos, morreu e 25 pessoas ficaram feridas no primeiro protesto registrado nessa cidade.
No Bahrein, um manifestante morreu nesta segunda-feira em consequência dos ferimentos provocados pelos disparos do Exército na última sexta-feira perto da praça Lulu, no centro de Manama, capital do país.
Centenas de manifestantes tentaram tomar de novo esta praça, da qual foram desalojados pela Polícia um dia antes, em choques que deixaram um manifestante morto e dezenas de feridos, elevando para sete o número de mortos desde o início dos protestos contra o regime, em 14 de fevereiro.
No Iêmen, milhares de manifestantes reuniram-se nesta segunda-feira na Universidade de Sana para pedir novamente a renúncia do presidente Ali Saleh.
Embora nos últimos dias tenham sido registrados choques entre militantes da oposição e partidários do regime, nesta segunda-feira não se viam simpatizantes de Saleh, por isso que o protesto se desenvolveu de forma pacífica.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, Saleh, no poder desde 1990, afirmou que uma mudança de regime no país "é inaceitável" e disse que os que estão protestando contra seu Governo "são uma minoria".