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Protesto no Líbano deixa ao menos 6 mortos e expõem crise política

Tiros e explosões incessantes ecoaram não muito longe do Palácio de Justiça, onde se reuniram centenas de manifestantes vestidos de preto, alguns deles armados

No total, 30 pessoas ficaram feridas, informou a Cruz Vermelha Libanesa (Marwan Tahtah / Correspondente/Getty Images)

No total, 30 pessoas ficaram feridas, informou a Cruz Vermelha Libanesa (Marwan Tahtah / Correspondente/Getty Images)

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AFP

Publicado em 14 de outubro de 2021 às 13h37.

Última atualização em 14 de outubro de 2021 às 13h38.

Pelo menos seis pessoas morreram e quase 30 ficaram feridas nesta quinta-feira (14) em tiroteios durante uma manifestação dos movimentos xiitas Hezbollah e Amal em Beirute contra o juiz encarregado de investigar a explosão no porto da capital libanesa em agosto de 2020. 

Várias áreas de Beirute se tornaram uma zona de guerra. Tiros e explosões incessantes ecoaram não muito longe do Palácio de Justiça, diante do qual se reuniram centenas de manifestantes vestidos de preto, alguns deles armados, confirmaram jornalistas da AFP.

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O ministro do Interior, Bassam Mawlawi, informou em entrevista coletiva o balanço de seis mortos, alguns atingidos por tiros na cabeça, sugerindo que os disparos foram obra de "franco-atiradores".

Entre os mortos há uma mulher de 24 anos que foi baleada na cabeça dentro de casa, disse à AFP um médico do hospital Sahel, ao sul de Beirute.

Em um comunicado conjunto, o Hezbollah e Amal também acusaram "atiradores postados nos telhados de edifícios" de terem atirado contra os manifestantes.

Mas quem efetuou os disparos e como esse protesto degenerou tão rapidamente não está claro no momento.

No total, 30 pessoas ficaram feridas, segundo a Cruz Vermelha Libanesa, e foram socorridas por ambulâncias perto do Palácio de Justiça.

As ruas se esvaziaram rapidamente e os libaneses se refugiaram em suas casas, revivendo momentos vividos em guerras passadas que pensavam ter esquecido.

Vídeos de alunos escondidos embaixo das mesas ou deitados no chão durante a aula circulavam nas redes sociais.

"Eu me escondi com meu primo e minha tia em um espaço de dois metros quadrados, por medo de balas perdidas", comentou Bissan al-Fakih, um morador da área, à AFP.

Tanques do exército foram posicionados, e os militares alertaram que atirariam em qualquer um que abrisse fogo.

Implosão do governo, crise no país

Convocados pelo Hezbollah e Amal, os manifestantes exigiam a demissão do juiz Tareq Bitar, responsável pela investigação da explosão no porto da cidade, ocorrida em 4 de agosto de 2020 devido a quantidades de nitrato de amônio armazenadas irregularmente no local.

Pelo menos 214 pessoas morreram na tragédia, que teve mais de 6 mil feridos e muitos edifícios devastados.

Os manifestantes queimaram retratos do juiz e da embaixadora dos Estados Unidos no Líbano, Dorothy Shea. Esses confrontos sangrentos coincidem com a presença em Beirute da número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.

O primeiro-ministro Nagib Mikati pediu calma e criticou as tentativas de mergulhar o país em um ciclo de violência.

O Hezbollah e seus aliados acreditam que o juiz está politizando a investigação. Na terça-feira, o juiz Bitar emitiu um mandado de prisão para o deputado e ex-ministro das Finanças Ali Hassan Khalil, membro do Amal e aliado do Hezbollah.

Foi então obrigado a suspender a investigação porque dois ex-ministros apresentaram queixa contra ele na Justiça, que foi indeferida nesta quinta-feira, para que o magistrado possa dar continuidade ao seu trabalho.

O assunto está prestes a causar uma implosão do recém-formado governo libanês, após um ano de bloqueio político, pois os ministros do Hezbollah e do Amal pediram a substituição do juiz, o que os demais membros do governo recusaram.

"O fato de o Hezbollah ir às ruas e colocar toda sua força nesta batalha pode provocar grandes confrontos e desestabilização de todo o país", comentou à AFP o analista Karim Bitar.

As autoridades locais, acusadas de negligência criminosa, recusam-se a autorizar uma investigação internacional e são acusadas pelos familiares das vítimas e por ONGs de obstrução da justiça.

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