Moçambicanos na capital, Maputo: na semana passada, antigos combatentes da guerra civil ameaçaram protestar duramente contra a inflação (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de setembro de 2010 às 09h53.
Maputo, Moçambique - Ao menos duas pessoas morreram e outras 37 ficaram feridas no protesto registrado hoje em Maputo contra a alta dos preços dos produtos de primeira necessidade que paralisou a cidade, informou a televisão privada local "E-TV", citando fontes médicas.
Outra emissora de televisão privada, a "S-TV", cifrou em ao menos seis os óbitos - dentre estes uma criança -, sem dar mais detalhes.
Por enquanto, Polícia e autoridades não divulgaram informações oficiais sobre as vítimas.
Uma fonte de uma das emissoras públicas de televisão, que pediu para não ser identificada, disse à Agência Efe que haviam "recebido ordens" de não cobrir as manifestações e incidentes ocorridos em Maputo e assinalou que, embora não tenham divulgado nenhuma informação, têm "contabilizados ao menos seis mortos".
O protesto foi convocado por meio de mensagens de celulares e nesta manhã grupos de manifestantes interromperam estradas de acesso à capital moçambicana e diversas ruas da cidade com barricadas, veículos atravessados no meio das vias e pneus incendiados, o que deixou Maputo incomunicável.
Os manifestantes lançaram pedras e outros objetos contra as unidades da Polícia, que dispararam contra os manifestantes, segundo disseram a Efe diversas testemunhas.
Um médico de um hospital de Maputo informou à "E-TV" que duas crianças haviam morrido em consequência dos ferimentos causados por tiros e outras 37 foram atendidas nesse centro com lesões causadas nos protestos.
Como conseguiu comprovar a Efe, desde a primeira hora da manhã o tráfego em Maputo é fraco. Grupos de manifestantes mantêm interrompidas as principais vias do centro e da periferia.
Os manifestantes atravessaram em algumas ruas veículos do serviço público e alguns carros privados aos quais atearam fogo.
Inúmeras unidades da Polícia estão nas ruas desde as primeiras horas da manhã e muitas pessoas não saíram de suas casas, nem devem ir ao trabalho diante do temor de possíveis incidentes.
Os protestos se devem ao forte reajuste dos preços, especialmente do pão, um produto essencial na dieta local, além da eletricidade, dos combustíveis e da água, devido ao fortalecimento do dólar sobre a divisa local, o metical.
Nesta quarta-feira, os canais de televisão privados mostraram imagens da cidade paralisada, com os serviços públicos, o comércio e as escolas fechadas.
Os voos no aeroporto de Maputo - domésticos e internacionais - foram suspensos, manifestou a Efe uma fonte da torre de controle.
A fonte revelou que o voo da companhia portuguesa TAP, o único que une Maputo à Europa, foi cancelado devido ao fato da tripulação da aeronave e muitos passageiros não terem conseguido chegar ao aeroporto devido à dificuldade de circulação.
Na semana passada, alguns antigos combatentes da guerra civil que assolou o país após a independência de Portugal ameaçaram na imprensa convocar um protesto nacional contra a alta dos preços e pedindo tratamento digno, pois recebem uma pensão que não chega aos US$ 30 por mês.
Há dois anos ocorreu em Moçambique um forte protesto devido à alta do preço dos combustíveis que acabou com ao menos seis mortos e que obrigou ao Governo a reduzir o preço dos produtos energéticos.
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