Prosseguem esforços para achar desaparecidos em naufrágio
Nove mortes foram confirmadas e os socorristas lutavam contra o tempo para tentar resgatar com vida os 287 desaparecidos no naufrágio de uma balsa
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 10h10.
Jindo - Nove mortes foram confirmadas e os socorristas lutavam contra o tempo nesta quinta-feira para tentar resgatar com vida os 287 desaparecidos no naufrágio de uma balsa que pode ter custado a vida de centenas de adolescentes na Coreia do Sul .
A balsa seguia na véspera para a turística ilha de Jeju, com 475 pessoas a bordo, incluindo 325 estudantes, quando inclinou mais de 45 graus e, em seguida, virou quase por completo. Apenas uma pequena parte ficou de fora da água. A temperatura da água era de 12°C.
Os socorristas trabalharam durante toda a noite de quarta-feira - sob a luz de holofotes -, mas a forte correnteza e a visibilidade reduzida na água impediram a entrada dos mergulhadores no casco submerso.
A chance de se localizar sobreviventes sob o casco do ferry - em bolsões de ar - é cada vez menor 24 horas após o acidente. São utilizadas três gruas para tentar virar a embarcação.
A catástrofe chocou a Coreia do Sul, país rico e moderno, que acreditava ter se previnido contra esse tipo de acidente. O acidente foi ainda mais doloroso porque muitas vítimas são adolescentes.
A presidente Park Geun-Hye seguiu para o local da tragédia e pediu aos mergulhadores que prossigam com os trabalhos.
Visivelmente emocionada, a chefe de Estado iniciou uma longa seção de perguntas e respostas com interlocutores desesperados por notícias sobre seus filhos.
"O tempo está acabando. Por favor, tenham pressa. Se existem sobreviventes, cada minuto e cada segundo é crítico", disse a presidente.
A balsa, uma embarcação de 6.825 toneladas, zarpou do porto de Incheon na terça-feira à noite, mas começou a registrar problemas depois de percorrer 13 milhas (20 km), diante da ilha de Byungpoong.
As causas do acidente são desconhecidas, mas alguns sobreviventes afirmaram que o ferry parou de repente, como se tivesse encalhado, apesar das condições meteorológicas favoráveis.
Vários sobreviventes indicaram ainda que a tripulação ordenou a todos que ficassem em seus lugares após o acidente.
"Esperamos de 30 a 40 minutos", contou um estudante. "Depois o ferry adernou e todo mundo começou a gritar e a tentar sair, desesperadamente".
"A mensagem era repetida em intervalos regulares: 'não se movam", indicou outro sobrevivente, Huh Young-Ki, à televisão coreana News Y.
"Nós nos perguntávamos 'será que devemos mesmo ficar parados? Será que não deveríamos tentar sair?' Mas o aviso sonoro dizia que a ajuda iria chegar", acrescentou.
A disciplina é estrita no sistema escolar sul-coreano e a autoridade respeitada, o que leva a imprensa a concluir que os estudantes com certeza obedeceram as ordens sem protestar.
"Se tivessem nos dito para sair mais cedo, teríamos sido muitos mais a pular na água", onde barcos de pesca resgatavam os passageiros, considerou um estudante à MBC. "Mas a maioria das pessoas não se mexeu, como pediram".
Imagens registradas a bordo por um sobrevivente mostram uma mulher gritando "a água está subindo! A água está subindo!".
Para Bae Min-Hoon, diretor da associação para a segurança marítima, a evacuação foi mal gerida. "Parece que esta primeira hora, tão preciosa, foi desperdiçada porque pediram aos passageiros que permanecessem em sua cabine", declarou.
Uma mulher de 61 anos não obedeceu ao aviso sonoro, que continuava a soar quando a água começou a entrar em sua cabine. Ela nadou pelos corredores e conseguiu sair do barco por uma janela quebrada por um socorrista.
O capitão do ferry, que também sobreviveu, estava sendo interrogado pela guarda costeira.
Chung Yong-Hyun, diretor do Instituto coreano de Mergulho, considera "quase impossível" para os passageiros se mover dentro do barco quando ele toca o fundo.
"O piso se torna a parede e a parede o chão. Não há mais luz, tudo é escuro, é impossível saber qual direção seguir", disse ele ao jornal Chosun Ilbo.
Um vídeo registrado do mar mostra passageiros aterrorizados em coletes salva-vidas, subindo em botes ou pulando na água, enquanto o ferry desliza suavemente para o fundo.
Centenas de barcos oferecem conexões entre a costa sul-coreana e as ilhas a cada dia, e os acidentes são raros. Mas 300 pessoas morreram em outubro de 1993, quando uma balsa naufragou na costa oeste.
- 1. Naufrágio
1 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
São Paulo - A embarcação Sewol naufragou às 9h de hoje no horário local (21h de ontem no horário de Brasília) a cerca de 20 quilômetros da ilha de Byeongpyung, no sudoeste da Coreia do Sul . A balsa, que tinha como destino a ilha de Jeju, levava 459 pessoas embarcadas, sendo 325 delas estudantes da Danwon High School. Até o momento, há cerca de 290 pessoas desaparecidas por conta do naufrágio . A seguir, veja as fotos do acidente .
2 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
Onze helicópteros e 22 embarcações estão sendo empregados na operação de resgate.
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Dos 459 passageiros, 325 eram estudantes da Danwon High School, de acordo com a agência EFE.
4 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
Os estudantes e professores que estavam no Sewol partiam para uma viagem escolar de quatro dias em Jeju, destino turístico na Coreia do Sul.
5 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
Além dos alunos, 14 professores da Danwon High School estavam no Sewol.
6 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
De acordo com as autoridades sul-coreanas, este pode ser o maior desastre marítimo no país desde 1993.
7 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
O choque da embarcação com rochas teria sido a razão do naufrágio, segundo o jornal inglês The Guardian.
8 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
Até o momento, foram registradas duas mortes. As vítimas fatais foram uma mulher de 27 anos e um homem ainda não identificado.
9 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
De acordo com a Bloomberg, países como os EUA já estão enviando apoio às equipes de resgate. Os americanos contam com embarcações de patrulha na região.
10 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
O governo da Coreia do Sul informou que cerca de 290 passageiros ainda estão desaparecidos. Na foto, mulher se emociona ao encontrar o nome do filho entre os resgatados.
11 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
As equipes de salvamento já conseguiram salvar 164 pessoas que estavam na balsa.
12 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
A balsa Sewol partiu ontem do porto de Incheon às 21h do horário local (9h do horário de Brasília).
13 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
A embarcação tinha como destino a ilha de Jeju e cumpria este percurso duas vezes por semana.
14 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
"Felizmente, eu pude pular antes de afundar, como muitos outros", afirmou à Bloomberg o estudante Hyeong Min, um dos sobreviventes do naufrágio.
15 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
Segundo as autoridades, o primeiro pedido de socorro foi feito pela tripulação da embarcação às 9h de hoje no horário local (21h de ontem no horário de Brasília).
16 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
Serviços de notícia locais afirmam que a neblina vinha dificultando as operações de resgate pela noite. Porém, a visibilidade melhorou na manhã de hoje.
17 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
As vítimas resgatadas com vida estão sendo levadas para um ginásio - onde também estão sendo reunidas informações sobre o naufrágio.
18 /19(KIM HONG-JI/Reuters)
De acordo com The Guardian, a moça de cerca de 20 anos morta no naufrágio fazia parte da tripulação do navio. Ela morreu no hospital.
19 /19(YONHAP/Reuters)
Construída em 1994, a embarcação Sewol tinha capacidade para até 921 pessoas.
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