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Para professor, PV vai se consolidar como alternativa

Cientista político da UnB David Fleischer compara trajetória do partido a partir de agora com a do PT depois dos anos 1980

A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, que obteve 19,33% dos votos no 1º turno (Arquivo/ABr)

A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, que obteve 19,33% dos votos no 1º turno (Arquivo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.

Brasília - Baseado na análise de dados estatísticos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a evolução do crescimento partidário ao longo do período de redemocratização do Brasil, o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer acredita que o Partido Verde se consolida, a longo prazo, como alternativa de poder. Fleischer pondera que, para isso se efetivar, o partido terá que adotar posturas semelhantes às adotadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) a partir da década de 1980.

Uma delas, ressaltou o professor, é os verdes adotarem a estratégia de crescer "com as próprias pernas", evitando alianças que possam comprometer essa trajetória. "Isso terá que ser feito mesmo que traga ônus, como o assumido pelo PT, em 1989, de não referendar a Constituição Cidadã."

A candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva obteve 19,33% dos votos no pleito de ontem e foi a candidata mais votada no Distrito Federal e a segunda em cinco estados.

David Fleischer ressaltou que Marina levantou nesta campanha a bandeira de um novo modelo de desenvolvimento social atrelado à preservação do meio ambiente. Analisando o cenário das pesquisas de intenção de votos aos candidatos presidenciais, o cientista político destacou que os cerca de 10% das intenções de votos à candidata originam-se da elite mais esclarecida do país - que já teria entendido o discurso da candidata. A arrancada de Marina ocorreu nos últimos 15 dias de campanha.

"Um dia essas bandeiras chegarão à base da pirâmide do eleitorado brasileiros, mas isso demanda tempo e paciência", disse Fleischer. Para ele, o processo de crescimento do PV pode ocorrer em uma velocidade mais acelerada que a do Partido dos Trabalhadores uma vez que os potenciais doadores fazem parte de uma elite, na sua avaliação, mais esclarecida sobre a necessidade de buscar o crescimento econômico e social em conformidade com a preservação do meio ambiente.


Outro fator que ajuda o PV neste processo seria os verdes já terem consolidado uma liderança para o público, no caso Marina, como foi Lula para o PT. Se quiser ser uma alternativa viável de poder, o partido tem o desafio, agora, de encontrar um líder voltado para dentro que seja capaz de construir um programa claro e capaz de controlar eventuais facções que porventura venham a existir.

Já o cientista político e também professor da Universidade de Brasília, João Paulo Peixoto, destacou que os processos históricos de criação e crescimento do PT e, agora, do PV são antagônicos, uma vez que o Partido dos Trabalhadores teve como base para seu crescimento os movimentos sindicais e sociais. Por isso, ele não acredita que a médio prazo os verdes tenham a capacidade de chegar à Presidência da Republica.

"Não existe similaridade entre o PT e o PV como alternativa de poder", disse Peixoto. Ele frisou que a campanha de Marina Silva foi fundamental para consolidar o processo de crescimento do PV a partir de agora. Isso fará com que o partido ganhe densidade e peso para construir alianças políticas que sejam capazes de chegar ao Poder.

João Paulo Peixoto afirmou ainda que os verdes se consolidam como uma "nova força" que tem que ser considerada no processo político a partir destas eleições. "Eu diria até que esse crescimento dos verdes não se dá apenas no Brasil, mas em todo o mundo", afirmou.

Leia também: Para especialistas, Marina Silva deixa disputa com futuro promissor

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