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Procuradoria investigará funcionários por libertação de filho de "Chapo"

Ovidio e seu irmão Alfredo teriam assumido a liderança de parte do Cartel de Sinaloa após a extradição de seu pai para os Estados Unidos

Culiacán: em uma operação "mal planejada", segundo as próprias autoridades federais, a breve detenção de Ovidio Guzmán gerou uma onda de violência (Jesus Bustamante/Reuters)

Culiacán: em uma operação "mal planejada", segundo as próprias autoridades federais, a breve detenção de Ovidio Guzmán gerou uma onda de violência (Jesus Bustamante/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 19h41.

A Procuradoria-Geral do México anunciou nesta segunda-feira que investigará as circunstâncias que levaram à libertação de Ovidio Guzmán, filho de Joaquín "Chapo" Guzmán, após ser detido brevemente na quinta-feira em Culiacán, estado de Sinaloa, o que desatou uma onda de ataques do crime organizado.

Alejandro Gertz, procurador-geral, disse em entrevista coletiva que se investigará de maneira "exaustiva os personagens envolvidos" nos fatos, tantofuncionários quanto criminosos.

"Não é apenas a conduta de um servidor público e de um delinquente, é a análise de todos os fatos (...) para esclarecer qualquer eventual crime e poder julgá-lo", destacou Gertz, prometendo que "não vai haver exceções".

O procurador confirmou que Ovidio Guzmán é alvo de uma ordem de prisão para extradição solicitada em setembro passado pelos Estados Unidos, que o acusa de narcotráfico.

Na quinta-feira passada, em uma operação "mal planejada", segundo as próprias autoridades federais, a breve detenção de Ovidio Guzmán gerou uma onda de violência.

Homens fortemente armados do Cartel de Sinaloa atacaram diversos pontos de Culiacán, principal bastião da organização, e ameaçaram civis caso o narcotraficante não fosse libertado.

Ovidio e seu irmão Alfredo teriam assumido a liderança de parte do Cartel de Sinaloa após a extradição de seu pai para os Estados Unidos, em janeiro de 2017.

O secretário de Segurança, Alfonso Durazo, reconheceu que as autoridades suspenderam a operação contra o filho de "Chapo" Guzmán para evitar colocar a vida de civis em risco, diante de "uma força maior e de toda a mobilização" do grupo criminoso.

O próprio presidente, Andrés Manuel López Obrador, admitiu na sexta-feira que apoiou a decisão de seu gabinete de segurança porque "a captura de um criminoso não pode valer mais que a vida das pessoas".

"Consciência tranquila"

O procurador-geral já descartou a responsabilidade direta de López Obrador na libertação do narcotraficante.

"Acreditar que o presidente estava nisto é, verdadeiramente, fora de lugar. Esta não é sua função. Ele tem a obrigação da defesa do Estado mexicano, mas não por uma ação específica de funcionários e servidores públicos", disse Gertz.

López Obrador assinalou nesta segunda-feira que tem a "consciência tranquila" sobre as decisões adotadas em Culiacán, e que está disposto a depor na investigação.

O presidente de esquerda, de 65 anos, foi duramente criticado por especialistas em segurança e opositores, que consideram que o Estado mexicano foi humilhado por criminosos, como jamais se havia visto.

Duas pesquisas publicadas nesta segunda-feira pelo jornal Reforma e a Rádio Fórmula revelam que a maioria dos consultados desaprova a libertação de Guzmán.

Ovidio, 28 anos, é um dos dez filhos reconhecidos de Chapo Guzmán, que cumpre pena de prisão perpétua nos Estados Unidos.

Deter o tráfico de armas

No sábado, López Obrador informou que o presidente americano, Donald Trump, lhe telefonou para manifestar sua solidariedade após os tiroteios em Culiacán.

Na conversa por telefone, os dois líderes concordaram em trabalhar para deter o tráfico de armas dos Estados Unidos para o México.

Nesta segunda-feira, Durazo se reuniu com o embaixador americano no México, Christopher Landau, para tratar do tema.

"Haverá um antes e um depois do telefonema entre os presidentes López Obrador e Trump sobre esta matéria", escreveu no Twitter nesta segunda-feira o chanceler Marcelo Ebrard.

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