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Procuradoria de Israel suspeita de possíveis crimes de Netanyahu

Primeiro-ministro está sendo investigado desde julho por ofensas contra a integridade moral

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel: líder negou envolvimento em supostos crimes (Sebastian Scheiner/AFP)

Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel: líder negou envolvimento em supostos crimes (Sebastian Scheiner/AFP)

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EFE

Publicado em 3 de janeiro de 2017 às 12h08.

Jerusalém - A procuradoria de Israel afirmou nesta terça-feira que a polícia tem provas que justificam uma investigação por suposta recepção de numerosos presentes pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que voltou a negar hoje qualquer irregularidade.

O procurador-geral, Avijai Mandelblit, declarou em comunicado após o interrogatório de três horas ontem à noite com o chefe do governo que ele é investigado desde o último dia 10 de julho por "uma longa lista de alegações sobre supostas ofensas relacionadas com a integridade moral".

A investigação e as imagens do comboio da unidade policial Lahav 433 entrando ontem na residência oficial elevaram a tensão política em um país que tem atualmente atrás das grades por corrupção seu primeiro-ministro anterior, Ehud Olmert, e que viu sair da prisão recentemente um ex-presidente, Moshe Katsav, após cumprir uma condenação por assédio sexual.

Em seu comunicado, Mandelblit fez uma apuração de várias suspeitas nas quais se decidiu não seguir adiante com as investigações por não haver indícios suficientes, e deu muito poucos dados sobre o caso dos presentes e favores de empresários, sobre o qual foi realizado um interrogatório após a recomendação do comandante da Unidade de Investigação e Inteligência da Polícia, Meni Yitzhaki.

Entre os casos descartados estão as denúncias de que o apelidado "Bibi" recebeu ilegalmente fundos para sua campanha eleitoral em 2009, a aceitação nessa época de passagens de avião e caros presentes, o duplo financiamento de suas viagens ou supostas irregularidades nas primárias de 2009 de seu partido, o Likud, nas quais foi eleito.

Netanyahu se referiu nesta manhã à exaustiva investigação e afirmou: "Após longos anos de perseguição diária contra mim e minha família ontem não provaram nada. Nada. Alguém nos veículos de comunicação deveria desculpar-se pelos milhares de artigos, manchetes e horas de divulgação do 'melhor jornalismo de investigação' que se transformaram em uma coisa sem sentido".

Segundo o jornal "Haaretz", o interrogatório se baseou no caso dos presentes, mas há outro segundo assunto mais grave do qual, por enquanto, se desconhecem os detalhes.

Ontem à noite os detetives lhe confrontaram com indícios que supostamente mostram que aceitou numerosos presentes (no valor de centenas de milhares de shekels) de empresários com interesses econômicos em Israel e que não informou dos mesmos às autoridades, como exige a lei, o que evidencia um possível conflito de interesses.

Uma das testemunhas que teria admitido ter dado alguns presentes é o empresário americano e amigo pessoal de Netanyahu, Ron Lauder, que declarou ter lhe presenteado com um terno e financiado uma viagem de seu filho Yair ao exterior.

A polícia, no entanto, acredita que o valor dos presentes de Lauder é maior do que admite e investiga se foram dados com expectativas de receber algo em troca.

Enquanto isso, o deputado David Amsalem impulsiona uma iniciativa para proibir a investigação de chefes do governo em serviço, que recebeu o apoio do chefe da coalizão governamental, o deputado David Bitan, e da ministra da Justiça, Ayelet Shaked.

Yair Lapid, líder do partido opositor Yesh Atid (que segundo as últimas pesquisas supera o Likud em intenções de voto), advertiu que "se dois primeiros-ministros seguidos caírem por corrupção, será muito difícil restaurar a fé da população no governo".

Além disso, afirmou que, se a investigação se prolongar, Netanyahu terá que renunciar, porque "não pode passar o tempo reunindo-se com seus advogados ao invés de com os chefes do Mossad e do Shin Bet (Inteligência), o chefe do Estado-Maior ou o ministro das Finanças", informou o jornal "Yedioth Ahronoth".

Este jornal lembrou hoje as palavras de Netanyahu em 2008 em referência às suspeitas de corrupção de Olmert: "Este primeiro-ministro está afundado até o pescoço em investigações e não tem mandato moral para decidir assuntos fundamentais para o Estado de Israel porque há preocupações fundadas de que tomará decisões com base em seus próprios interesses e sua sobrevivência política e não no interesse nacional".

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