Procurador vê ex-vice-ministro como "chave" no caso Odebrecht
A primeira condenação pelo caso Odebrecht na Colômbia foi de sete anos contra o empresário Enrique Ghisays Manzur
EFE
Publicado em 1 de agosto de 2017 às 21h54.
Bogotá - O procurador-geral da Colômbia , Néstor Humberto Martínez, afirmou nesta terça-feira que o depoimento do ex-vice-ministro de Transporte Gabriel García Morales, detido pelo caso Odebrecht, será "chave" para revelar o envolvimento de mais pessoas no escândalo de corrupção da construtora.
"Ele vem como testemunha em várias linhas de investigação que têm a ver com o financiamento das campanhas, na administração dos ativos. Além disso, se ofereceu para ser testemunha de acusação contra outras pessoas nesta investigação", declarou Martínez em comunicado.
A primeira condenação pelo caso Odebrecht na Colômbia foi de sete anos contra o empresário Enrique Ghisays Manzur, pelos crimes de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
Segundo um tribunal de Bogotá, Ghisays emprestou suas contas bancárias para o investimento de US$ 6,5 milhões enviados pela Odebrecht para garantir a licitação do projeto Ruta del Sol II.
Este dinheiro, de acordo com o tribunal, foi "recolhido" pelo então diretor do Instituto Nacional de Concessões (Inco) e pelo ex-vice-ministro García, que se tornou testemunha principal da procuradoria dentro do processo das propinas pagas pela Odebrecht.
Até o momento, o caso da licitação de Ruta del Sol II e sua adição da rodovia Ocaña-Gamarra gerou as detenções de García, do ex-senador Otto Bula, do ex-assessor da Agência Nacional de Infraestrutura Juan Sebastián Correa, e de César Hernández e Gustavo Urrego.
Martínez detalhou que a situação de Enrique Ghisays Manzur e seu irmão Eduardo, também privado de liberdade e envolvido na investigação, foi previamente credenciada "a partir do depoimento dado pelo ex-vice-ministro García".
Além disso, tudo foi possível graças a "novas linhas investigativas que comprometem mais gente, com base nas imputações realizadas pela procuradoria".
Martínez também esclareceu que, dentro da colaboração do ex-vice-ministro com a Justiça, ficaram intactos os possíveis delitos que tenha cometido por corrupção.
"No mecanismo da Justiça, esse pré-acordo se estabelece justamente para obter mais provas, e o conseguimos mantendo intocados os delitos por corrupção, que ficam intactos, que são o interesse indevido na realização de contratos e suborno", detalhou.
Na semana passada, a promotoria informou que as propinas supostamente pagas pela Odebrecht na Colômbia foram de aproximadamente US$ 27,72 milhões, e não US$ 11,1 milhões, como havia indicado em princípio o Departamento de Justiça americano em dezembro do ano passado.