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Primeiro navio de ajuda zarpa do Chipre em direção à Faixa de Gaza

Apesar de uma nova rodada de negociações no Egito no início do mês, o Catar, país que atua como mediador no conflito, afirmou que Israel e Hamas "estão longe de um acordo" para um cessar-fogo

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 25 pessoas, incluindo 21 crianças, morreram por desnutrição e desidratação nos hospitais de Gaza desde o início da guerra (AFP/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 12 de março de 2024 às 10h45.

O primeiro navio da ONG espanhola 'Open Arms ' zarpou nesta terça-feira, 12, do Chipre em direção à Faixa de Gaza , onde a população sobrevive à beira da fome depois de mais de cinco meses de guerra entre Israel e Hamas.

Apesar de uma nova rodada de negociações no Egito no início do mês, o Catar, país que atua como mediador no conflito, afirmou que Israel e Hamas "estão longe de um acordo" para um cessar-fogo. Durante a noite, Israel bombardeou Rafah, refúgio de centenas de milhares de deslocados no sul do território palestino, a vizinha Khan Yunis e a Cidade de Gaza, ao norte, segundo correspondentes da AFP.

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Segundo o governo do Hamas, 72 pessoas morreram nas últimas 24 horas em ataques israelenses

Ramadã

O mundo muçulmano iniciou o mês de jejum sagrado do Ramadã, sinônimo de celebrações e grandes refeições em família após o pôr do sol, mas este ano os palestinos de Gaza não estão em condições de festejar. Os moradores se reuniram na segunda-feira à noite sem alegria para a primeira ruptura diária do jejum.

"Este Ramadã não tem gosto de Ramadã. Tem mais o gosto de sangue, da miséria, da separação e da opressão", afirmou Um Mohammed Abu Matar, uma palestina que assa pão no fogo criado com pedaços de papelão.

Diante da grave situação humanitária em Gaza, a União Europeia quer estabelecer uma rota marítima a partir do Chipre, país da UE mais próximo das costas do Oriente Médio.

O primeiro navio a utilizar este corredor marítimo zarpou na manhã de terça-feira do porto cipriota de Larnaca, que fica a 370 quilômetros de Gaza, para entregar ajuda humanitária

O navio transporta quase 200 toneladas de alimentos como arroz, farinha ou conservas, que serão distribuídas em Gaza pela organização World Central Kitchen (WCK), liderada pelo chef hispano-americano José Andrés.

A WCK tem equipes em Gaza desde o início da guerra entre o movimento islamista palestino Hamas e Israel, em 7 de outubro, e construiu um cais, cuja localização não foi divulgada por razões de segurança, para conseguir descarregar a ajuda.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considerou a saída do primeiro navio um "sinal de esperança". "Vamos trabalhar duro para garantir que muitos outros navios sigam o exemplo", afirmou na rede social X.

"O tempo é curto"

"O tempo é curto" para evitar a fome, em particular no norte da Faixa, que está a caminho de uma catástrofe humanitária por não receber ajuda alimentar suficiente", alertou Cindy McCain, diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

No norte do território, "mais de 2.000 funcionários dos serviços de saúde não conseguiram encontrar nada para comer e para romper o jejum", afirmou o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas desde 2007.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 25 pessoas, incluindo 21 crianças, morreram por desnutrição e desidratação nos hospitais de Gaza desde o início da guerra.

Nos últimos dias, vários países lançaram pacotes de alimentos pelo ar. Ao mesmo tempo, um navio militar zarpou no sábado dos Estados Unidos com o equipamento necessário para construir um cais para descarregar a ajuda.

"Longe de um acordo"

O conflito começou em 7 de outubro com o ataque de milicianos do Hamas em território israelense: 1.160 pessoas foram assassinadas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades de Israel.

O grupo islamista também sequestrou 250 pessoas - 130 continuam em cativeiro em Gaza, das quais 31 teriam sido mortas, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma campanha militar que deixou 31.184 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Hamas.

Nas últimas semanas, os mediadores intensificaram as negociações para tentar obter um acordo de trégua entre Israel e o movimento palestino Hamas antes do Ramadã, sem sucesso.

O acordo deveria incluir uma troca de reféns israelenses por presos palestinos e o aumento de ajuda internacional para Gaza.

Israel e Hamas estão "longe de um acordo" para um cessar das hostilidades, afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al Ansari, antes de acrescentar, no entanto,  que as conversações prosseguem entre as partes.

"Vitória total"

Na segunda-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistiu na promessa de conseguir uma "vitória total" e prometeu acabar "com todos" os dirigentes do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e UE.

As tropas israelenses bombardearam na segunda-feira um reduto do Hezbollah, aliado do Hamas, no leste do Líbano, e uma pessoa morreu no ataque.

O movimento libanês pró-Irã afirmou nesta terça-feira que lançou mais de 100 foguetes contra posições militares israelenses em represália.

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