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Primeiro-ministro tunisiano renuncia

"Prometi e assegurei que caso a minha iniciativa fracassasse, eu renunciaria a minha chefia de governo, e foi isso o que eu fiz", disse


	Hamadi Jebali, que renunciou: Jebali tomou posse em dezembro de 2011 após a vitória de seu partido nas primeiras eleições livres da história da Tunísia
 (AFP/Fethi Belaid)

Hamadi Jebali, que renunciou: Jebali tomou posse em dezembro de 2011 após a vitória de seu partido nas primeiras eleições livres da história da Tunísia (AFP/Fethi Belaid)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2013 às 18h19.

Tunes - O primeiro-ministro tunisiano, Hamadi Jebali, anunciou nesta terça-feira que apresentou sua renúncia após o fracasso de sua iniciativa de formar um governo de tecnocratas, o que deixa o país mergulhado na pior crise política desde a revolução.

"Prometi e assegurei que caso a minha iniciativa fracassasse, eu renunciaria a minha chefia de governo, e foi isso o que eu fiz", disse em uma declaração divulgada ao vivo pela rede de televisão depois de se reunir com o presidente Moncef Markuzi.

Jebali tomou posse em dezembro de 2011 após a vitória de seu partido nas primeiras eleições livres da história da Tunísia.

"Há uma forte decepção. Nosso povo está decepcionado por sua classe política, é preciso restaurar a confiança", ressaltou.

O primeiro-ministro, que deve gerir os assuntos correntes até a nomeação de um sucessor, assegurou que não deixará a liderança do Estado "vazia".


"O fracasso de minha iniciativa não significa o fracasso da Tunísia ou o fracasso da revolução", destacou, mostrando-se convencido de que um governo tecnocrata "é a melhor maneira de tirar o país de seu caminho errante".

Ele também insistiu na urgência de fixar a data das próximas eleições, enquanto qualquer previsão está paralisada pelo impasse na redação da Constituição do país pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

Entre os possíveis sucessores ao posto de primeiro-ministro estão Abdelatif Mekki, ministro da Saúde, e Nureddin Bhiri, ministro da Justiça.

Mas o Ennahda pode ainda optar por reconduzir Jebali.

"A escolha de Jebali como potencial futuro chefe de Governo continua sobre a mesa, mas iremos discutir. Temos muitas pessoas competentes no caso de rejeição", declarou Sahbi Attig, líder do grupo parlamentar do Ennahda na ANC.


Assumindo seu papel de liderança, Jebali afirmou que não se inscreverá "em qualquer iniciativa que não fixe a data da próxima eleição". "Quando sairá a Constituição? Quando serão as eleições?", questionou.

O líder do partido islamita, Rached Ghannuchi, e o presidente Moncef Marzuki devem se reunir na quarta-feira para definir "o candidato do Ennahda à presidência do Governo", de acordo com a página do Facebook de Ghannuchi.

Todo candidato a chefe de Governo deve ser determinado pelo Ennahda, que controla o maior número de membros da ANC (89 de 217).

Quem for nomeado por Marzuki terá 15 dias para formar uma equipe que deve obter a confiança da ANC (109 votos), o que obriga o Ennahda a formar uma coalizão.

Atualmente, os islamitas estão aliados ao partido de Marzuki e a outro movimento laico de centro-esquerda, o Ettakatol. Mas suas relações são muito tensas e o Ennahda quer ampliar a coalizão.

Após o fracasso da proposta de um gabinete apolítico, vários partidos consideraram ser possível uma mescla de tecnocratas e personalidades políticas.


O objetivo é acalmar a situação, muito tensa desde o assassinato em 6 de fevereiro do opositor Chokri Belaid, e criar as condições para novas eleições.

Mas as divisões são profundas: grande parte da oposição e os aliados laicos do Ennahda defendem independentes à frente dos ministérios soberanos, uma ideia que não conta com aprovação do Ennahda.

Além disso, a agência de classificação Standard and Poor's rebaixou a nota soberana da Tunísia para "BB-" contra "BB", com perspectiva negativa devido às "tensões políticas" e aos "riscos para a transição democrática".

A Tunísia também enfrenta graves problemas sociais, com o aumento do desemprego e da miséria, dois aspectos que levaram à queda de Zine El Abidine Ben Ali em janeiro de 2011.

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