Conille convocou na quinta-feira uma reunião governamental na qual só compareceram seis de dez secretários de Estado, e nenhum dos 18 ministros do país (Thony Belizaire/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2012 às 17h11.
Porto Príncipe - O primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille, renunciou nesta sexta-feira ao cargo por meio de uma carta enviada ao presidente do país, Michel Martelly, informou à Agência Efe uma fonte oficial.
A renúncia de Conille ocorre cerca de quatro meses e meio após a confirmação de sua posse pelo parlamento haitiano e após várias semanas de rumores sobre desavenças entre ele e Martelly.
A fonte acrescentou que Conille estava interpretando 'uma partitura diferente' à do presidente Martelly e do resto do governo e neste caso só há duas opções possíveis, o acordo ou a ruptura.
Conille é medico, ex-colaborador do enviado especial das Nações Unidas para o Haiti, Bill Clinton, e funcionário internacional de vasta experiência. Ele foi o terceiro primeiro-ministro designado por Martelly, que assumiu a presidência em maio de 2011. Os dois primeiros, porém, foram descartados durante os trâmites parlamentares.
Conille convocou na quinta-feira uma reunião governamental na qual só compareceram seis de dez secretários de Estado, e nenhum dos 18 ministros do país, e por isso o encontro foi cancelado.
Os problemas entre os dois vieram à tona na semana passada, quando o Senado convocou os ministros a comparecerem diante da comissão que investiga a nacionalidade dos membros do governo e do presidente.
Segundo a Constituição haitiana, o presidente e o chefe de governo não podem ter dupla nacionalidade. A presidência informou que o Conselho de Ministros não compareceu à chamada do Senado pois o assunto deveria ser tratado nos tribunais.
Conille, no entanto, pediu em comunicado que seus ministros comparecessem à convocação e ele próprio se apresentou com seus documentos de viagem.
As tensões aumentaram com a decisão de Conille de abrir uma investigação sobre contratos públicos assinados pelo governo anterior.
Nas festividades de Carnaval no país, os dois não foram vistos juntos e Martelly liderou as celebrações. A situação provocou um alerta da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que nesta quinta-feira alertou para a degradação política do país e fez um pedido para que as partes envolvidas chegassem a um acordo.
O chefe civil da Minustah, o diplomata chileno Mariano Fernández, disse que a situação 'afeta o bom funcionamento das instituições assim como o processo democrático' da nação caribenha e impede a 'criação das condições necessárias para o crescimento econômico'.