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Presidente peruano tem ano marcado por conflitos sociais

Os protestos contra vários projetos de mineração em defesa da água e do meio ambiente deixaram 17 civis mortos e mais de 2.300 feridos

O presidente Humala, empossou o novo gabinete ministerial que tem à frente o primeiro-ministro Óscar Valdés no lugar de Salomón Lerner, que renunciou no sábado (Ernesto Benavides/AFP)

O presidente Humala, empossou o novo gabinete ministerial que tem à frente o primeiro-ministro Óscar Valdés no lugar de Salomón Lerner, que renunciou no sábado (Ernesto Benavides/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de julho de 2012 às 17h11.

O presidente do Peru, Ollanta Humala, completa seu primeiro ano de mandato com deficiências em sua gestão de conflitos sociais e controle do tráfico de drogas, mas com êxitos no campo econômico, indicaram especialistas e analistas à AFP.

Os protestos contra vários projetos de mineração em defesa da água e do meio ambiente deixaram 17 civis mortos e mais de 2.300 feridos em diferentes conflitos nos últimos 12 meses.

"Os conflitos sociais dominam o cenário, porque não há uma gestão adequada, na medida em que não há partidos políticos fortes nas regiões onde eles ocorrem e são substituídos por grupos locais que se desenvolvem em torno do conflito", disse à AFP o ex-ministro do Interior, Fernando Rospigliosi.

De acordo com a Defensoria Pública, o número de mortos em protestos subiu para 17 depois das cinco mortes registradas em julho, em Cajamarca (norte), nas manifestações contra o projeto Conga da mineradora americana Newmont.

Em um sinal de que a questão dos protestos é a grande preocupação do presidente, Humala declarou três vezes estado de emergência em cidades de todo o país, principalmente por causa de conflitos relacionados à mineração.

A imagem de Humala se deteriorou: a sua desaprovação chegou a 51% em julho, o nível mais alto desde que foi empossado em 28 de julho de 2011, de acordo com uma pesquisa Ipsos Apoyo realizada com 1.200 pessoas.

O Governo "não aproveitou seus primeiros 12 meses, não realizou as reformas estruturais necessárias no Peru, especialmente no campo da saúde e educação. Também não houve qualquer reforma do Estado e nenhum programa de infraestrutura", lamenta o economista Jorge González Izquierdo.

"É uma gestão em piloto automático", no momento em que "a instabilidade social afeta as expectativas dos investidores", disse à AFP.


A economia, no entanto, cresceu. Humala manteve o modelo econômico neoliberal em vigor desde 1990, apesar de ter sugerido mudanças em sua campanha eleitoral.

Essa decisão ganhou o apoio do empresariado, com quem vive em lua de mel, embora a maioria das empresas tenha votado em sua rival Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), preso por violações dos direitos Humanos.

"Humala tem sido uma surpresa reconfortante", afirmou à AFP Luis Salazar, presidente da influente Sociedade Nacional das Indústrias (SNI).

"Tem sido muito político, com definições que indicam que o governo vai continuar a crescer através do investimento", aplaudiu o chefe do SNI.

Otimismo não falta para os empresários. "Em questões econômicas daria nota 17 em 20", disse Salazar.

O Banco Central de Reserva espera que a economia cresça 5,8% em 2012 após uma expansão de 6,92% em 2011 e 8,78% em 2010.

Humala, ex-comandante do Exército, não reagiu, como esperado, aos problemas de segurança. "É um dos aspectos mais frágeis de sua gestão", analisa à AFP Mario Ghibellini, colunista do jornal El Comercio.

Segundo Ghibellini, "as pessoas tinham a fantasia de que, por ser militar, manteria a ordem e sua repressão reduziria a criminalidade, o que não foi cumprido".

Além disso, o controle do tráfico de drogas no Peru, um dos maiores produtores de cocaína, segundo a ONU, é percebido como uma das maiores fragilidades do presidente.

"O tráfico de drogas avança por dois motivos: falta de interesse das autoridades em combater a questão com seriedade e a redução da ajuda americana", ressalta Rospigliosi.

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