Presidente egípcio não quer brincadeiras com sua imagem
Artistas e jornalistas egípcios acabaram sendo denunciados judicialmente e ameaçados por satirizar a política de Mursi
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 12h41.
Cairo - Os artistas e jornalistas egípcios tiveram mais um desgosto depois que, por criticar e satirizar a política do presidente do país, Mohamed Mursi , acabaram sendo denunciados judicialmente, ameaçados, além de sofrer outros tipos de pressões.
A exposição recente de uma série de vinhetas de personalidades públicas também não ficou livre da polêmica, perante o protesto de uma associação de caricaturistas que se opunha à exclusão de desenhos críticos que usam a figura de Mursi.
As paredes da sala destinada para a mostra no centro cultural Sawy, no Cairo, apareceram, no entanto, com alguns retratos de Mursi nos quais o líder não é retratado muito bem.
As imagens do islamita tentando se ajeitar em uma poltrona presidencial muito maior que ele e a imagem dele se movimentando sob o controle de vários comandantes à distância sugerem alguns defeitos atribuídos a ele, com sua suposta falta de preparação e forte dependência da Irmandade Muçulmana.
Para o organizador da exposição Tareq Sayed, a polêmica surgida "não é baseada na realidade".
"Recolhemos obras de muitos artistas e só tivemos pequenas divergências sobre a forma como deveríamos descartar alguns trabalhos", destacou Sayed à Agência Efe.
As caricaturas sobre o presidente se estendem também ao papel e aos muros das ruas. Inclusive nos últimos protestos, os islamistas tentaram sem sucesso apagar com pintura os grafites que pouco depois voltaram aos muros do Palácio Presidencial.
Mas nem sempre a sátira escapa de controle. O humorista televisivo Basim Youssef, conhecido por seus comentários mordazes contra a Irmandade Muçulmana, está sendo investigado pela Promotoria a pedido de um advogado que vê em seus programas um tratamento "humilhante" em relação a Mursi.
Uma longa lista de advogados saiu em apoio dos islamitas nos tribunais, enquanto a presidência egípcia diz estar à margem destas ações, embora há poucos dias tenha processado o jornal independente "Al Marsy al Yum" por divulgar "mentiras" sobre a agenda do presidente.
Mona Nader, especialista do Instituto do Cairo para os Direitos Humanos, afirmou à Agência Efe que é "normal que se critique porque ele é uma figura pública, apesar dos litigantes não entenderem assim e quase sempre recorrerem ao delito de difamação".
"Eles tentam censurar qualquer um que levante um slogan da oposição", disse a defensora de direitos humanos, lembrando as ameaças feitas no mês passado contra os jornalistas na chamada Cidade da Produção Midiática, nos arredores da capital.
Um grupo numeroso de salafistas acampou na porta desse complexo e, além de sacrificar animais para comer e construir seus próprios banheiros, se dedicou durante dias a exigir a "limpeza" dos meios de comunicação, concretamente os de corte laico e contrários à ideologia islamita.
Nenhum meio parece escapar da censura, segundo Nader, que comenta sobre o caso de blogueiros, colunistas e intelectuais perseguidos, como o conhecido escritor Abdel Halim Qandil.
Inclusive destacados opositores como o prêmio Nobel da Paz Mohamed El Baradei, foram denunciados perante a Promotoria por suposta tentativa de derrubar Mursi.
Às vezes, a simples cobertura de um assunto delicado pode fazer com que as pessoas sejam denunciadas. É o que aconteceu com Walid Ismail, do jornal independente "Al Tahrir", que como outros jornalistas se envolveu em uma briga com policiais no julgamento do ex-presidente Hosni Mubarak, sentenciado à prisão perpétua.
Por enquanto, a recente condenação a um ano de prisão de Ismail vai ser revisada, depois que a Promotoria encontrou irregularidades no processo.
Um dos editores de "Al Tahrir", Mahmoud Hosam, considera que a situação piorou com a chegada dos islamitas ao poder.
"Enquanto durante o regime de Mubarak os jornalistas podiam ser processados e os meios de imprensa eram fechados, atualmente há pressão também dos milhares de seguidores que tem uma organização como a Irmandade Muçulmana", explica Hosam.
"É muito fácil que algum deles denuncie um repórter", enfatiza o jornalista, citando outras formas de "intimidação" como a retirada de financiamento das empresas, o controle estatal dos meios de imprensa, os discursos incendiários em mesquitas e os ataques de radicais islamistas que - segundo diz, - o Estado prefere ignorar.
Cairo - Os artistas e jornalistas egípcios tiveram mais um desgosto depois que, por criticar e satirizar a política do presidente do país, Mohamed Mursi , acabaram sendo denunciados judicialmente, ameaçados, além de sofrer outros tipos de pressões.
A exposição recente de uma série de vinhetas de personalidades públicas também não ficou livre da polêmica, perante o protesto de uma associação de caricaturistas que se opunha à exclusão de desenhos críticos que usam a figura de Mursi.
As paredes da sala destinada para a mostra no centro cultural Sawy, no Cairo, apareceram, no entanto, com alguns retratos de Mursi nos quais o líder não é retratado muito bem.
As imagens do islamita tentando se ajeitar em uma poltrona presidencial muito maior que ele e a imagem dele se movimentando sob o controle de vários comandantes à distância sugerem alguns defeitos atribuídos a ele, com sua suposta falta de preparação e forte dependência da Irmandade Muçulmana.
Para o organizador da exposição Tareq Sayed, a polêmica surgida "não é baseada na realidade".
"Recolhemos obras de muitos artistas e só tivemos pequenas divergências sobre a forma como deveríamos descartar alguns trabalhos", destacou Sayed à Agência Efe.
As caricaturas sobre o presidente se estendem também ao papel e aos muros das ruas. Inclusive nos últimos protestos, os islamistas tentaram sem sucesso apagar com pintura os grafites que pouco depois voltaram aos muros do Palácio Presidencial.
Mas nem sempre a sátira escapa de controle. O humorista televisivo Basim Youssef, conhecido por seus comentários mordazes contra a Irmandade Muçulmana, está sendo investigado pela Promotoria a pedido de um advogado que vê em seus programas um tratamento "humilhante" em relação a Mursi.
Uma longa lista de advogados saiu em apoio dos islamitas nos tribunais, enquanto a presidência egípcia diz estar à margem destas ações, embora há poucos dias tenha processado o jornal independente "Al Marsy al Yum" por divulgar "mentiras" sobre a agenda do presidente.
Mona Nader, especialista do Instituto do Cairo para os Direitos Humanos, afirmou à Agência Efe que é "normal que se critique porque ele é uma figura pública, apesar dos litigantes não entenderem assim e quase sempre recorrerem ao delito de difamação".
"Eles tentam censurar qualquer um que levante um slogan da oposição", disse a defensora de direitos humanos, lembrando as ameaças feitas no mês passado contra os jornalistas na chamada Cidade da Produção Midiática, nos arredores da capital.
Um grupo numeroso de salafistas acampou na porta desse complexo e, além de sacrificar animais para comer e construir seus próprios banheiros, se dedicou durante dias a exigir a "limpeza" dos meios de comunicação, concretamente os de corte laico e contrários à ideologia islamita.
Nenhum meio parece escapar da censura, segundo Nader, que comenta sobre o caso de blogueiros, colunistas e intelectuais perseguidos, como o conhecido escritor Abdel Halim Qandil.
Inclusive destacados opositores como o prêmio Nobel da Paz Mohamed El Baradei, foram denunciados perante a Promotoria por suposta tentativa de derrubar Mursi.
Às vezes, a simples cobertura de um assunto delicado pode fazer com que as pessoas sejam denunciadas. É o que aconteceu com Walid Ismail, do jornal independente "Al Tahrir", que como outros jornalistas se envolveu em uma briga com policiais no julgamento do ex-presidente Hosni Mubarak, sentenciado à prisão perpétua.
Por enquanto, a recente condenação a um ano de prisão de Ismail vai ser revisada, depois que a Promotoria encontrou irregularidades no processo.
Um dos editores de "Al Tahrir", Mahmoud Hosam, considera que a situação piorou com a chegada dos islamitas ao poder.
"Enquanto durante o regime de Mubarak os jornalistas podiam ser processados e os meios de imprensa eram fechados, atualmente há pressão também dos milhares de seguidores que tem uma organização como a Irmandade Muçulmana", explica Hosam.
"É muito fácil que algum deles denuncie um repórter", enfatiza o jornalista, citando outras formas de "intimidação" como a retirada de financiamento das empresas, o controle estatal dos meios de imprensa, os discursos incendiários em mesquitas e os ataques de radicais islamistas que - segundo diz, - o Estado prefere ignorar.