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Presidente da Síria denuncia tentativa de 'redesenhar' o mapa do Oriente Médio após ofensiva rebelde

Insurgentes contra o regime de Bashar-al-Assad tomaram controle de Aleppo, segunda maior cidade do país

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 12h12.

Última atualização em 2 de dezembro de 2024 às 12h13.

O presidente da Síria, Bashar al Assad, denunciou nesta segunda-feira, 2, uma tentativa de "redesenhar" o mapa do Oriente Médio, após a ofensiva relâmpago de grupos rebeldes que conseguiram tomar o controle de grandes áreas do norte do país das forças do governo.

O regime de Assad, aliado do Irã e da Rússia, perdeu o controle total de Aleppo pela primeira vez desde o início da guerra civil, em 2011.

A segunda maior cidade da Síria foi tomada por uma coalizão liderada pelo grupo islamista Hayat Tahrir al-Cham (HTS) e facções rebeldes sírias, incluindo algumas apoiadas pela Turquia.

Aviões sírios e russos bombardearam em resposta setores controlados por estes grupos na província de Idlib, na região noroeste do país.

Diante da ofensiva surpresa, que começou em 27 de novembro, Assad buscou o apoio de seus aliados.

Os ataques, nos quais a aliança de milícias rebeldes tomou o controle de várias localidades na província de Idlib, já deixaram mais de 450 mortos, incluindo pelo menos 72 civis, informou a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Em uma conversa telefônica com seu homólogo iraniano, Masud Pezeshkian, o presidente sírio declarou que a "escalada terrorista" busca "fragmentar a região, destruir seus Estados e redesenhar o mapa do Oriente Médio, de acordo com os interesses e objetivos dos Estados Unidos e do Ocidente".

Potências envolvidas

Os episódios violentos dos últimos dias na Síria, os primeiros com esta magnitude desde 2020, provocaram o retorno dos temores de um agravamento do conflito em um país dividido em várias zonas de influência e com inimigos apoiados por diferentes potências regionais e internacionais.

A Turquia, que tem fronteira com a Síria, o Irã, a Rússia e os Estados Unidos mantêm uma presença militar no país, cenário de uma guerra civil que começou após a violenta repressão de protestos pacíficos em 2011.

O conflito, que envolveu potências regionais e mundiais, assim como grupos jihadistas, deixou meio milhão de mortos e milhões de deslocados.

A ofensiva relâmpago da semana passada coincidiu com a entrada em vigor de um frágil cessar-fogo no vizinho Líbano entre Israel e o movimento islamista Hezbollah, um aliado de Assad e do Irã que foi enfraquecido após dois meses de guerra.

Foi graças ao apoio militar da Rússia, do Irã e do Hezbollah que o regime de Assad conseguiu mudar o rumo da guerra em 2015, ao recuperar uma grande parte do território e Aleppo em 2016.

A Rússia, ocupada com o conflito na Ucrânia, afirmou nesta segunda-feira que continua apoiando Assad. O Exército de Moscou anunciou no domingo que estava ajudando as forças sírias provocar o "recuo" dos rebeldes.

O Irã reiterou seu apoio a Assad. O chefe da diplomacia do país, Abbas Araghchi, se reuniu com representantes turcos em Ancara depois de conversar com o presidente sírio.

Um erro

"Seria um erro, neste momento, tentar explicar os acontecimentos na Síria por qualquer interferência estrangeira", disse o ministro turco das Relações Exteriores, Hakan Fidan, cujo país controla áreas do norte da Síria e apoia vários grupos rebeldes.

Em Aleppo, imagens da AFPTV mostraram rebeldes armados patrulhando as ruas em veículos militares ou a pé. Alguns incendiaram uma bandeira síria e uma foto de Assad, enquanto outros exibiam a bandeira da revolução.

Muitas ruas estavam vazias, mas alguns moradores saíram para comemorar o avanço dos combatentes antigovernamentais.

"Eles distribuíram pão grátis nos cruzamentos no domingo", disse um morador entrevistado por telefone no domingo.

Os rebeldes chegaram à cidadela histórica de Aleppo e assumiram o controle de prédios do governo, prisões e do aeroporto internacional da cidade, "sem encontrar resistência significativa", afirmou o OSDH.

Estados Unidos, França, Alemanha e Reino Unido pediram uma "desescalada" na Síria e uma "solução política" para acabar com a violência.

Washington, que também dispõe de soldados no norte da Síria, apoia as Forças Democráticas Sírias (FDS), dominadas pelos curdos e que lutaram contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no país.

O comandante das FDS, Mazlum Abdi, anunciou nesta segunda-feira que o movimento trabalha para retirar os civis curdos de vários setores da província de Aleppo e levá-los para "áreas seguras no norte do país", onde estabeleceram uma administração autônoma.

O noroeste da Síria manteve nos últimos anos uma calma precária, possível graças ao cessar-fogo estabelecido após uma ofensiva do regime em março de 2020, mediado pela Rússia e pela Turquia.

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