Presidente da Guiné-Bissau é detido pelo Exército
O primeiro-ministro do país também ficou detido após uma tentativa de golpe que parecia ter chances de sucesso
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2012 às 14h54.
Bissau - O Exército de Guiné-Bissau mantinha detidos nesta sexta-feira o presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Junior e controlava a capital, um dia após uma tentativa de golpe que parecia ter chances de sucesso.
De acordo com uma fonte militar do país, Carlos Gomes Junior está detido na base militar de São Vicente, perto da capital.
A base de São Vicente fica localizada 45 km ao norte de Bissau. Uma fonte diplomática em Bissau confirmou que o primeiro-ministro é mantido nessa base dedicada à formação de oficiais.
Já o presidente Raimundo Pereira "foi detido na quinta-feira à noite em sua residência por um grupo de militares" em Bissau e "levado para um destino desconhecido", indicou à AFP um membro de sua guarda próxima.
"Os militares vieram, bateram na porta e se identificaram. O presidente Pereira saiu para abrir a porta. Disseram que tinham ido buscá-lo, o presidente não ofereceu resistência", acrescentou um membro de sua guarda.
Carlos Gomes Junior também "foi detido ontem (quinta-feira) por militares. Depois o levaram em uma caminhonete que arrancou com destino desconhecido", havia declarado à AFP sua esposa, Salomé Gomes, que foi à residência do casal recuperar suas coisas.
A casa do chefe de governo e favorito nas presidenciais foi atacada na quinta-feira à noite com foguetes pelos militares, que tomaram a rádio nacional e a cidade.
Várias autoridades políticas foram detidas na quinta-feira à noite e levadas à sede do Estado-Maior, segundo uma fonte militar. Outras estão sendo "ativamente buscadas", acrescentou.
Os soldados estavam mobilizados na manhã desta sexta-feira em toda a cidade.
"Os militares estão em todas as partes e proíbem alguns acessos", afirmou à AFP uma fonte diplomática em Bissau.
Atacada na quinta-feira à noite, a residência de Carlos Gomes Junior seguia vigiada por homens armados. A sala da casa estava destroçada por um foguete e o frontão tinha buracos de balas.
Nesta sexta-feira às 07h00 locais (04h00 de Brasília), uma centena de jovens saiu para protestar em solidariedade a Gomes, mas foi dispersada pelos militares.
O Exército quebrou seu silêncio com um lacônico comunicado do Estado-Maior.
"Os acontecimentos de ontem (quinta-feira) se devem ao fato de termos descoberto a existência de um acordo militar secreto, assinado pelo primeiro-ministro Carlos Gomes Junior e pelo presidente interino Raimundo Pereira, pelo governo de Guiné-Bissau e pelo de Angola", indica o texto.
"Este acordo quer legitimar a presença de tropas estrangeiras, concretamente a missão militar angolana (Missang) em Guiné-Bissau, com o objetivo de proteger o governo em caso de crise", acrescenta o Exército.
Presente desde 2011, a missão militar angolana é fonte de discórdia entre o governo e o Exército de Guiné-Bissau, e os militares suspeitam que as autoridades dissimulem o reforço desta missão nos últimos meses para ter uma força disponível em caso de distúrbios.
Os Estados Unidos pediram o retorno de um poder civil, e tanto a União Africana (UA) quanto a Comunidade Econômica de Estados da África do Oeste (CEDEAO) condenaram o golpe nesta instável nação, onde os rumores sobre esta possibilidade eram insistentes há dias, à medida que se aproximava o segundo turno das presidenciais de 29 de abril.
O governo americano convocou "todas as partes a deporem as armas e a restaurarem a liderança legítima civil", declarou a embaixada em Dacar. Portugal, ex-potência colonial, também pediu "o respeito à legalidade".
A presidente da comissão da UA, Jean Ping, condenou em um comunicado a inadmissível tentativa e advertiu que a organização "não aceitará nenhuma tomada de poder por vias anticonstitucionais", enquanto a CEDEAO condenou "formalmente e com vigor" o golpe.
Bissau - O Exército de Guiné-Bissau mantinha detidos nesta sexta-feira o presidente Raimundo Pereira e o primeiro-ministro Carlos Gomes Junior e controlava a capital, um dia após uma tentativa de golpe que parecia ter chances de sucesso.
De acordo com uma fonte militar do país, Carlos Gomes Junior está detido na base militar de São Vicente, perto da capital.
A base de São Vicente fica localizada 45 km ao norte de Bissau. Uma fonte diplomática em Bissau confirmou que o primeiro-ministro é mantido nessa base dedicada à formação de oficiais.
Já o presidente Raimundo Pereira "foi detido na quinta-feira à noite em sua residência por um grupo de militares" em Bissau e "levado para um destino desconhecido", indicou à AFP um membro de sua guarda próxima.
"Os militares vieram, bateram na porta e se identificaram. O presidente Pereira saiu para abrir a porta. Disseram que tinham ido buscá-lo, o presidente não ofereceu resistência", acrescentou um membro de sua guarda.
Carlos Gomes Junior também "foi detido ontem (quinta-feira) por militares. Depois o levaram em uma caminhonete que arrancou com destino desconhecido", havia declarado à AFP sua esposa, Salomé Gomes, que foi à residência do casal recuperar suas coisas.
A casa do chefe de governo e favorito nas presidenciais foi atacada na quinta-feira à noite com foguetes pelos militares, que tomaram a rádio nacional e a cidade.
Várias autoridades políticas foram detidas na quinta-feira à noite e levadas à sede do Estado-Maior, segundo uma fonte militar. Outras estão sendo "ativamente buscadas", acrescentou.
Os soldados estavam mobilizados na manhã desta sexta-feira em toda a cidade.
"Os militares estão em todas as partes e proíbem alguns acessos", afirmou à AFP uma fonte diplomática em Bissau.
Atacada na quinta-feira à noite, a residência de Carlos Gomes Junior seguia vigiada por homens armados. A sala da casa estava destroçada por um foguete e o frontão tinha buracos de balas.
Nesta sexta-feira às 07h00 locais (04h00 de Brasília), uma centena de jovens saiu para protestar em solidariedade a Gomes, mas foi dispersada pelos militares.
O Exército quebrou seu silêncio com um lacônico comunicado do Estado-Maior.
"Os acontecimentos de ontem (quinta-feira) se devem ao fato de termos descoberto a existência de um acordo militar secreto, assinado pelo primeiro-ministro Carlos Gomes Junior e pelo presidente interino Raimundo Pereira, pelo governo de Guiné-Bissau e pelo de Angola", indica o texto.
"Este acordo quer legitimar a presença de tropas estrangeiras, concretamente a missão militar angolana (Missang) em Guiné-Bissau, com o objetivo de proteger o governo em caso de crise", acrescenta o Exército.
Presente desde 2011, a missão militar angolana é fonte de discórdia entre o governo e o Exército de Guiné-Bissau, e os militares suspeitam que as autoridades dissimulem o reforço desta missão nos últimos meses para ter uma força disponível em caso de distúrbios.
Os Estados Unidos pediram o retorno de um poder civil, e tanto a União Africana (UA) quanto a Comunidade Econômica de Estados da África do Oeste (CEDEAO) condenaram o golpe nesta instável nação, onde os rumores sobre esta possibilidade eram insistentes há dias, à medida que se aproximava o segundo turno das presidenciais de 29 de abril.
O governo americano convocou "todas as partes a deporem as armas e a restaurarem a liderança legítima civil", declarou a embaixada em Dacar. Portugal, ex-potência colonial, também pediu "o respeito à legalidade".
A presidente da comissão da UA, Jean Ping, condenou em um comunicado a inadmissível tentativa e advertiu que a organização "não aceitará nenhuma tomada de poder por vias anticonstitucionais", enquanto a CEDEAO condenou "formalmente e com vigor" o golpe.