Premier turco nega tensão com presidente, mas anuncia saída
A decisão foi tomada depois do vazamento da notícia sobre uma ruptura entre Davutoglu e o presidente Recep Tayyip Erdogan
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2016 às 13h15.
O primeiro-ministro turquia , Ahmet Davutoglu, anunciou nesta quinta-feira que não se apresentará como candidato para presidir o partido governista Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita-conservador), uma decisão que deve consolidar o poder do presidente Recep Tayyip Erdogan.
O AKP celebrará um congresso extraordinário em 22 de maio, durante o qual Davutoglu disse, durante discurso em Ancara, que não pretende "se apresentar como candidato dada as circunstâncias atuais".
O afastamento de Davutoglu, de 57 anos, da direção do AKP, no poder desde 2002, significa o fim de seu mandato de primeiro-ministro, uma vez que o chefe do partido sempre esteve à frente do governo.
A decisão foi tomada durante uma reunião extraordinária da direção do AKP em Ancara um dia depois do vazamento da notícia sobre uma ruptura entre Davutoglu e o presidente Recep Tayyip Erdogan, de acordo com uma emissora de televisão.
Davutoglu, no entanto, negou nesta quinta-feira qualquer tipo de conflito entre ele e o presidente.
"De minha boca jamais saiu qualquer palavra negativa sobre nosso presidente, e jamais vai sair", afirmou o chefe de Governo à imprensa.
As tensões entre os dois foram evidenciadas esta semana, e uma reunião realizada na quarta-feira à noite não foi capaz de superar as diferenças.
Davutoglu, cujo AKP venceu com folga as últimas eleições parlamentares em 1º de novembro, dando-lhe um mandato de quatro anos, fez questão de frisar que a sua decisão "não foi o resultado de uma escolha (pessoal), mas uma necessidade", uma crítica velada aos líderes do partido fieis ao chefe de estado que decidiram recentemente diminuir suas prerrogativas dentro do partido.
Durante seu discurso, o primeiro-ministro defendeu seu desempenho político e econômico e negou qualquer conflito com Erdogan, verdadeiro mestre da Turquia, que detém as rédeas do AKP.
"Eu não tenho queixas, não sinto raiva, nem ressentimento", disse, assegurando que estava determinado a defender a "honra de seu irmão" Erdogan, que designou para dirigir o governo em agosto de 2014 depois de ser eleito para a presidência.
A partida de Davutoglu, que pavimenta o caminho para uma consolidação dos poderes do chefe de Estado acusado por seus críticos de autoritarismo, poderia aumentar a turbulência na Turquia, parceiro fundamental da Europa na crise migratória e que enfrenta muitos desafios: ameaça jihadista, retomada do conflito curdo depois de um período de dois anos, extensão da guerra na Síria em sua fronteira sul.
Erdogan não gostaria de dividir o palco com seu primeiro-ministro, que negociou sozinho o acordo migratório selado com Bruxelas e que pareceu disposto a retornar à mesa de negociações com a rebelião curda.
O líder da oposição, Kemal Kılıçdaroğlu, denunciou uma "revolução palaciana", fustigando uma intervenção inaceitável de Erdogan nos assuntos do Executivo.
Chamado de "fantoche" de Erdogan quando chegou ao poder, Davutoglu, visto como uma figura moderada contrária ao agressivo, mas popular, presidente, ganhou, no entanto, um lugar na cena política.
Durante seu mandato, Ancara se juntou à coalizão internacional anti-jihadista liderada por Washington. Na política interna, precisou enfrentar os muitos atentados mortais que abalaram a Turquia nos últimos meses e que corroeram sua credibilidade.
Desde sua eleição como chefe de Estado, Erdogan não esconde sua ambição de mudar a Constituição para introduzir um sistema presidencial, um projeto publicamente apoiado por Davutoglu que, no entanto, parecia não ter pressa para implementá-lo.
Davutoglu indicou que continuará a ocupar o seu posto de deputado após o congresso.
Vários nomes têm sido mencionados na imprensa para suceder Davutoglu: Binali Yildirim, companheiro de Erdogan e atual ministro dos Transportes, Mehmet Ali Yalcin, ex-presidente do Parlamento, Yalcin Akdogan, vice-primeiro-ministro atual, mas também o filho do presidente, Berat Albayrak, ministro da Energia.
"A partida de Ahmet Davutoglu irá reforçar as preocupações sobre a transição para políticas cada vez mais autoritárias no país", considera Willam Jacksin da Capital Economics.
Esta notícia refletiu nos mercados: a lira turca perdeu na quarta-feira quase 4% do seu valor em relação ao dólar, a maior queda diária deste ano, antes de voltar a crescer nesta quinta-feira.
O primeiro-ministro turquia , Ahmet Davutoglu, anunciou nesta quinta-feira que não se apresentará como candidato para presidir o partido governista Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita-conservador), uma decisão que deve consolidar o poder do presidente Recep Tayyip Erdogan.
O AKP celebrará um congresso extraordinário em 22 de maio, durante o qual Davutoglu disse, durante discurso em Ancara, que não pretende "se apresentar como candidato dada as circunstâncias atuais".
O afastamento de Davutoglu, de 57 anos, da direção do AKP, no poder desde 2002, significa o fim de seu mandato de primeiro-ministro, uma vez que o chefe do partido sempre esteve à frente do governo.
A decisão foi tomada durante uma reunião extraordinária da direção do AKP em Ancara um dia depois do vazamento da notícia sobre uma ruptura entre Davutoglu e o presidente Recep Tayyip Erdogan, de acordo com uma emissora de televisão.
Davutoglu, no entanto, negou nesta quinta-feira qualquer tipo de conflito entre ele e o presidente.
"De minha boca jamais saiu qualquer palavra negativa sobre nosso presidente, e jamais vai sair", afirmou o chefe de Governo à imprensa.
As tensões entre os dois foram evidenciadas esta semana, e uma reunião realizada na quarta-feira à noite não foi capaz de superar as diferenças.
Davutoglu, cujo AKP venceu com folga as últimas eleições parlamentares em 1º de novembro, dando-lhe um mandato de quatro anos, fez questão de frisar que a sua decisão "não foi o resultado de uma escolha (pessoal), mas uma necessidade", uma crítica velada aos líderes do partido fieis ao chefe de estado que decidiram recentemente diminuir suas prerrogativas dentro do partido.
Durante seu discurso, o primeiro-ministro defendeu seu desempenho político e econômico e negou qualquer conflito com Erdogan, verdadeiro mestre da Turquia, que detém as rédeas do AKP.
"Eu não tenho queixas, não sinto raiva, nem ressentimento", disse, assegurando que estava determinado a defender a "honra de seu irmão" Erdogan, que designou para dirigir o governo em agosto de 2014 depois de ser eleito para a presidência.
A partida de Davutoglu, que pavimenta o caminho para uma consolidação dos poderes do chefe de Estado acusado por seus críticos de autoritarismo, poderia aumentar a turbulência na Turquia, parceiro fundamental da Europa na crise migratória e que enfrenta muitos desafios: ameaça jihadista, retomada do conflito curdo depois de um período de dois anos, extensão da guerra na Síria em sua fronteira sul.
Erdogan não gostaria de dividir o palco com seu primeiro-ministro, que negociou sozinho o acordo migratório selado com Bruxelas e que pareceu disposto a retornar à mesa de negociações com a rebelião curda.
O líder da oposição, Kemal Kılıçdaroğlu, denunciou uma "revolução palaciana", fustigando uma intervenção inaceitável de Erdogan nos assuntos do Executivo.
Chamado de "fantoche" de Erdogan quando chegou ao poder, Davutoglu, visto como uma figura moderada contrária ao agressivo, mas popular, presidente, ganhou, no entanto, um lugar na cena política.
Durante seu mandato, Ancara se juntou à coalizão internacional anti-jihadista liderada por Washington. Na política interna, precisou enfrentar os muitos atentados mortais que abalaram a Turquia nos últimos meses e que corroeram sua credibilidade.
Desde sua eleição como chefe de Estado, Erdogan não esconde sua ambição de mudar a Constituição para introduzir um sistema presidencial, um projeto publicamente apoiado por Davutoglu que, no entanto, parecia não ter pressa para implementá-lo.
Davutoglu indicou que continuará a ocupar o seu posto de deputado após o congresso.
Vários nomes têm sido mencionados na imprensa para suceder Davutoglu: Binali Yildirim, companheiro de Erdogan e atual ministro dos Transportes, Mehmet Ali Yalcin, ex-presidente do Parlamento, Yalcin Akdogan, vice-primeiro-ministro atual, mas também o filho do presidente, Berat Albayrak, ministro da Energia.
"A partida de Ahmet Davutoglu irá reforçar as preocupações sobre a transição para políticas cada vez mais autoritárias no país", considera Willam Jacksin da Capital Economics.
Esta notícia refletiu nos mercados: a lira turca perdeu na quarta-feira quase 4% do seu valor em relação ao dólar, a maior queda diária deste ano, antes de voltar a crescer nesta quinta-feira.