O ministro de Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos (José Goulão/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2010 às 09h45.
Lisboa - O ministro de Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, considera que algumas declarações da Alemanha elevaram o nervosismo dos mercados, que agora têm Portugal na mira de um novo resgate econômico.
Em entrevista ao "Jornal de Notícias" do Porto, o ministro acusa "algumas posições alemãs" de não contribuir para o esforço de acalmar os mercados, mas colocá-los "mais nervosos e com maior incerteza".
Texeira, apesar de assinalar que não quer criticar nenhum país em particular, reprova abertamente as propostas (da chanceler alemã Angela Merkel) de dividir o custo da reestruturação das dívidas soberanas, que alarmou os investidores e elevou os juros de refinanciamento pagos por Portugal e Espanha.
"Como a comunicação desse assunto não foi muito clara foram geradas incertezas e dúvidas que acabaram por impulsionar esse nervosismo", lamenta.
Perguntado se se sente empurrado pela Alemanha para pedir ajuda financeira, o ministro responde que, sem assinalar ninguém em particular, entre os membros do bloco há quem acredite que "a melhor forma de preservar a estabilidade do euro é empurrar e forçar os países mais pressionados rumo a essa ajuda".
Na opinião do ministro português "a Europa também tem que ser capaz de dar uma resposta cabal e clara que consegue conter esta situação".
"Isto acontece porque o euro e o governo do euro não dispõem de mecanismos de reação adequados a estas situações", acrescenta.
Embora se esteja trabalhando nessa linha, "os mercados sentiram que havia uma fragilidade e a estão claramente explorando", diz o ministro de Finanças ao assinalar que agora distinguem entre uns e outros países da zona do euro e promovem o contágio dos problemas.
Sobre a situação concreta de Portugal, Teixeira insiste em que "não é tão séria como a irlandesa, tanto pela magnitude do desequilíbrio orçamentário como pelos problemas do sistema financeiro".
Sobre a possibilidade de ter de pedir um resgate financeiro, o ministro também reitera que esta é uma "decisão política" que compete aos estados e que Portugal "está decidido a assegurar as condições para continuar se financiando nos mercados".