Por que Putin já perdeu essa guerra, segundo Yuval Harari
Autor do clássico “Sapiens: Uma breve história da humanidade” acredita que futuro já foi decidido pelo povo da Ucrânia
Laura Pancini
Publicado em 28 de fevereiro de 2022 às 17h00.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2022 às 17h01.
Prestes a alcançar o quinto dia de guerra, Vladimir Putin fica cada vez mais isolado. Sanções econômicas, o posicionamento da ONU e outros movimentos de países indicam que o presidente russo possa estar caminhando para uma derrota histórica em sua tentativa de invadir a Ucrânia.
Para Yuval Harari, escritor do clássico “Sapiens: Uma breve história da humanidade”, a guerra pode ser duradoura, mas a questão mais importante já foi decidida muito antes da primeira bomba cair: o povo ucraniano não quer viver sob um novo império russo.
Em artigo para o Guardian , Harari descreve o posicionamento de Putin como ilusório. O presidente continuamente afirma que a Ucrânia não é uma nação real e que os habitantes de Kiev, Kharkiv e Lviv pedem pelo governo de Moscou, o que é “uma mentira completa”, descreve o escritor.
“Kiev já era uma grande metrópole quando Moscou nem uma vila era ainda, mas o déspota russo contou sua mentira tantas vezes que aparentemente ele mesmo acredita nela”, escreveu.
Harari pontua que Putin já tinha ciência, por exemplo, que a Otan não enviaria tropas para ajudar a Ucrânia e que, militarmente, a Rússia se supera. O presidente também sabia que a dependência europeia do petróleo e do gás russos tornaria mais difícil impor sanções rígidas, mas mesmo assim apostou na ideia de que os ucranianos iriam se render a um “regime fantoche” de Moscou.
O autor de “ Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã ” aponta uma contradição nos movimentos da Rússia: não há como derramar sangue do povo ucraniano e ainda esperar a nação idealizada pelo Kremlin. Putin os transformou em inimigos, escreve Harari, e não há como controlar a Ucrânia sem que o povo permita.
“O povo ucraniano está resistindo e conquistando a admiração do mundo inteiro (...) A principal questão deixada em aberto é quanto tempo levará para que essa mensagem penetre nas grossas paredes do Kremlin”, escreveu.