Mundo

"Polexit"? Polônia pode sair da UE após polêmica sobre reforma judicial

A Polônia se integrou à UE em 2004, e o apoio público à filiação continua forte, apesar das desavenças com Bruxelas

Polônia: UE vem acusando o PiS (partido que governa o país) de politizar o Judiciário (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Polônia: UE vem acusando o PiS (partido que governa o país) de politizar o Judiciário (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

R

Reuters

Publicado em 17 de dezembro de 2019 às 15h25.

Última atualização em 17 de dezembro de 2019 às 15h45.

Varsóvia — A Polônia pode sair da União Europeia por causa de planos dos nacionalistas governistas que permitiriam que juízes fosse demitidos se questionarem a legitimidade das reformas judiciais do governo, disse a Suprema Corte nesta terça-feira (17).

O tribunal disse que os planos podem violar a lei europeia e exacerbar as tensões existentes entre Bruxelas e o Partido Lei e Justiça (PiS), a sigla governante da Polônia.

"Contradições entre a lei polonesa e a lei da UE... muito provavelmente levarão a uma intervenção das instituições da UE no tocante a uma infração dos tratados da UE, e na perspectiva de mais longo prazo (levarão à) necessidade de deixar a União Europeia", disse a Suprema Corte em um comunicado.

A UE vem acusando o PiS de politizar o Judiciário desde que o partido chegou ao poder em 2015. Já o PiS diz que suas reformas são necessárias para tornar o sistema judicial mais eficiente.

Segundo o esboço de uma legislação sob análise do Parlamento, o PiS pretende impedir juízes de determinarem que colegas nomeados por uma comissão indicado pelo partido não são independentes.

"A Comissão tem uma posição muito clara sobre a proteção do Judiciário contra a interferência política", disse o porta-voz da Comissão Europeia, Christian Wigand, à Reuters em reação ao comunicado da Suprema Corte.

"A Comissão continua a acompanhar a situação atentamente. Continuamos dispostos e disponíveis para debater com as autoridades polonesas caminhos a seguir para resolver os problemas em questão".

Na segunda-feira, a UE disse que investigará se o esboço de lei mina a independência judicial.

Manobras da Hungria e da Polônia para aumentar o controle estatal sobre as cortes e a mídia levaram a Comissão Europeia, o braço executivo do bloco, a iniciar investigações sobre o Estado de Direito que, em tese, poderiam levar à suspensão dos direitos de voto destas nações na UE.

Bruxelas está cogitando condicionar o acesso aos fundos orçamentários do bloco à manutenção do Estado de Direito e dos padrões democráticos.

A Polônia se integrou à UE em 2004, e o apoio público à filiação continua forte, apesar das desavenças entre Bruxelas e o PiS.

A Polônia é uma grande beneficiária dos fundos da UE para seus agricultores e seus projetos de infraestrutura.

Não existe mecanismo para a UE expulsar um país-membro.

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaPolôniaUnião Europeia

Mais de Mundo

Volkswagen fecha acordo com sindicatos para cortar 35 mil postos de trabalho na Alemanha

Pandemia traz lições de como lidar com tarifas de Trump, diz professor de inovação no IMD

Câmara dos EUA evita paralisação do governo com aprovação de pacote emergencial de financiamento

Maduro propõe reforma constitucional para reforçar controle político na Venezuela