Ideia foi apresentada pela britânica Rolls-Royce e já conta com apoio do gestor da Petrobras, José Sergio Gabrielli (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2011 às 19h59.
Houston - A criação de um sistema de créditos para medição de conteúdo nacional na atividade de petróleo pode ser uma alternativa para modificar as regras de aquisição de componentes nacionais para a indústria do setor. A ideia foi apresentada pela britânica Rolls-Royce ao Ministério de Minas e Energia e já conta com apoio do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
"Acho uma excelente ideia, mas que ainda precisa de ajustes e não poderá ser genérica, uma vez que atenderá apenas aos fornecedores mundiais que possuam uma rede de unidades em outros países", analisou ontem Gabrielli. Segundo o diretor para a América do Sul da Rolls-Royce, Francisco Itzaina, a ideia consiste em elevar a qualidade e o nível competitivo de fornecedores locais, para que possam vender globalmente para a empresa.
Ou seja, não se limitar somente às vendas para a companhia no Brasil, mas sim exportar para todas as suas unidades no mundo. "Em vez de eu ser obrigado a comprar 65% aqui, compraria 20%. Porém, os fornecedores destes 20% estariam atendendo às minhas necessidades mundiais. As exportações decorrentes desta transação se transformariam em créditos que poderiam ser abatidos do conteúdo local", explicou.
Custos
A proposta, diz Itzaina, tornaria mais viável a aquisição dos componentes no segundo elo da cadeia, sem que a companhia repassasse para seus custos locais o risco de contratar uma empresa nacional que não apresenta o mesmo nível de competitividade internacional (preço e prazo).
Na opinião de Gabrielli, o atual cenário é favorável para a discussão de formas alternativas de compor o conteúdo nacional. A discussão, segundo ele, está chegando à cadeia de fornecedores e não apenas à negociação direta com a Petrobras. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) ampliou as exigências para a comprovação da compra de todos os componentes, exigindo a certificação de que eles foram fabricados no Brasil.
"Antigamente, se uma fabricante de equipamento comprasse 50% ou 60% de conteúdo local, ela era classificada como 100% nacional. Hoje, a ela só é atribuído o porcentual equivalente aos componentes comprados aqui", diz o diretor da área de Óleo e Gás da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Alberto Machado.
A dificuldade de comprovar esta exportação é, na opinião de fornecedores consultados, a principal barreira para o negócio. Um empresário que preferiu não se identificar afirmou que haveria várias formas de "burlar" a comprovação destas vendas ao exterior. Para ele, não há também como fazer a correlação entre a mercadoria vendida e o que deveria ser comprado no País.