Perímetro de proteção do navio Endurance é ampliado para garantir sua preservação
Medida aumenta zona de segurança em torno do famoso naufrágio antártico para 1.500 metros
Redator na Exame
Publicado em 10 de julho de 2024 às 13h59.
A histórica embarcação Endurance, célebre pelo naufrágio durante a expedição antártica de Sir Ernest Shackleton, acaba de receber um reforço significativo em sua proteção.O perímetro de segurança ao redor do navio foi ampliado de 500 metros para 1.500 metros, como parte de um plano de gestão de conservação recentemente publicado. Esta ação visa preservar a embarcação e limitar atividades que possam interferir em sua integridade, de acordo com a BBC.
A Endurance, que repousa a 3.000 metros de profundidade no Mar de Weddell, estava bem protegida devido à sua localização remota e à cobertura de gelo marinho. Contudo, a expansão do perímetro reconhece que os destroços podem estar espalhados por uma área maior do que se pensava anteriormente. A nova medida busca garantir que a embarcação e seus pertences permaneçam intactos e que o legado de Shackleton seja preservado para as gerações futuras.
Riscos futuros
A Endurance é um símbolo notável da chamada Era Heroica da exploração antártica. Sua história cativa o mundo há décadas, especialmente devido ao resgate heroico de Shackleton e sua tripulação após o navio ter ficado preso e perfurado pelo gelo antártico. A descoberta da Endurance no fundo do oceano em março de 2022 foi um feito sensacional, sendo considerada uma das mais difíceis buscas de naufrágios no mundo.
Poucas pessoas têm a expertise para visitar a Endurance hoje, mas isso pode mudar com o aquecimento global e o recuo das geleiras polares. A evolução das tecnologias de mergulho profundo aumenta a preocupação com possíveis saques ou danos causados por operações submarinas descuidadas. Além disso, a pesca no Mar de Weddell pode se tornar mais comum, aumentando o risco de equipamentos descartados se enroscarem no naufrágio.
O CMP, aprovado por unanimidade em uma recente reunião das nações que são parte do Sistema do Tratado da Antártida, propõe medidas para mitigar esses riscos. Um passo inicial é o acordo com proprietários de navios de cruzeiro para que evitem a zona da Endurance. Outra medida seria aumentar a classificação de proteção do naufrágio. Atualmente, ele é designado como um Sítio e Monumento Histórico (HSM), que impede o toque, mas não impede a aproximação da embarcação.
Caso a embarcação se torne uma Área Especialmente Protegida da Antártida (ASPA), qualquer plano de visita estaria sujeito a uma rigorosa revisão por especialistas em patrimônio e técnicos, exigindo uma permissão específica. As nações do Tratado da Antártida discutiram essa designação em sua recente reunião, e uma aplicação formal será perseguida em 2025.
Quando a embarcação foi localizada no fundo do mar, estava em condições surpreendentemente boas, com sua estrutura básica intacta e coberta por uma variedade fascinante de animais marinhos.Biólogos marinhos exigem estudar esse ecossistema mais detalhadamente, visto que ele funciona como um recife artificial. O CMP estabelece diretrizes para futuras pesquisas, insistindo que todos os dados sejam tornados públicos.