Peres: ataque contra Irã é mais provável que ação diplomática
Irã já rejeitou de antemão as supostas acusações do informe da AIEA sobre a dimensão militar de seu programa nuclear
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2011 às 14h04.
Jerusalém - O presidente israelense, Shimon Peres, advertiu neste domingo que a possibilidade de um ataque militar contra o Irã é maior que a de uma ação diplomática, dias antes da publicação de um informe da Agência Internacional de Energia Atômica sobre o programa nuclear de Teerã."A possibilidade de um ataque militar contra o Irã parece mais próxima que a opção diplomática", afirmou o presidente em declarações ao jornal Israel Hayom.
"Não acredito que já tenha sido tomada uma decisão a respeito, mas dá a impressão de que os iranianos vão se aproximando da bomba atômica", acrescentou. "Não temos que revelar nossas intenções ao inimigo", explicou.
Peres fez estas declarações antes da divulgação, na próxima terça-feira, do informe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o programa nuclear iraniano, que os especialistas israelenses consideram "alarmante".
Segundo o jornal israelense Haaretz, o informe da AIEA terá uma "influência decisiva" no Governo.
O Irã rejeitou de antemão as supostas acusações do informe da AIEA sobre a dimensão militar de seu programa nuclear, disse o chanceler iranino Ali Akbar Salehi, citado pela imprensa neste domingo.
A AIEA entregará aos seus membros na terça ou quarta-feira um informe que apresenta novos indícios sobre supostos esforços do Irã para desenvolver bombas nucleares e mísseis para transportá-las, segundo diplomatas.
"A propaganda (ocidental) começa a dizer que o próximo informe da AIEA apresentará documentos sobre uma atividade do Irã na questão de mísseis, mas a agência já havia dito antes ao apresentar os documentos e nós já contestamos", disse Salehi, segundo a agência Isna.
"Consideramos que estes documentos são falsos e repetimos que não têm fundamento", acrescentou o ministro.
Teerã sempre desmentiu que esteja buscando construir uma bomba nuclear.
Já o chanceler francês, Alain Juppé, defendeu neste domingo o endurecimento das sanções internacionais aplicadas ao Irã e considerou, no entanto, que um ataque israelense contra o país "poderia criar uma situação totalmente desestabilizadora para a região".
A hipótese de um ataque de Israel contra as instalações nucleares do Irã ganhou força nos últimos dias, alimentada por informações da imprensa sobre um debate que divide o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O ministro da Defesa, Ehud Barak, desmentiu na segunda-feira informações de que teria decidido com Netanyahu atacar o Irã. Mas logo em seguida acrescentou que "podem ser criadas situações no Oriente Médio nas quais Israel deverá defender seus interesses vitais de maneira independente, sem ter que se apoiar em outras forças regionais ou de outros lugares".
Segundo o jornal Haaretz, a maioria dos 15 membros do gabinete israelense de segurança se opõe por enquanto a um ataque contra o Irã e é a única instância que pode tomar uma decisão desta gravidade.
Muitas autoridades israelenses destacam que Israel não pode lançar uma operação como esta sem coordená-la previamente com os Estados Unidos e sem a aprovação deste país.
Israel é considerado uma potência nuclear regional, mas nunca confirmou nem desmentiu dispor de armamento atômico. Segundo fontes estrangeiras, teria um arsenal de 200 ogivas nucleares e de vetores adequados para fazer uso delas.