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Perda do controle sobre região oriental da Líbia abala regime

Oficiais do Exército de Al Jabal al Akhdar, no nordeste, anunciaram que se uniram à revolução

Kadafi: a Al Jazeera também mostrou imagens da suposta libertação de Benghazi do governo (Ricardo Stuckert/Presidência da República)
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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 12h27.

Madri - O regime de Muammar Kadafi ficou abalado após perder o controle da região oriental do país, segundo diversas fontes, enquanto se estende o temor de um êxodo em massa de refugiados líbios e começam as evacuações de estrangeiros.

O ex-ministro da Justiça, Mustafa Abdel Jalil, quem renunciou ao cargo, afirmou nesta quarta-feira que a região oriental do país "foi totalmente libertada do controle" de Kadafi, enquanto oficiais do Exército de Al Jabal al Akhdar, no nordeste, anunciaram que se uniram à revolução.

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"Nós, os oficiais e os soldados das forças armadas na direção da região de Al Jabal al Akhdar, anunciamos nossa união total à revolução popular", disse nesta quarta-feira um porta-voz militar em um vídeo divulgado pelas emissoras "Al Jazeera" e "Al Arabiya".

Ativistas e testemunhas confirmaram à emissora catariana que o nordeste da Líbia "foi libertado" e está em poder "dos revolucionários" e que se formaram comitês populares para proteger e governar as cidades.

Segundo o ex-ministro Jalil, os jovens revolucionários detiveram em Al Bayda pelo menos 400 mercenários do Chade e do Níger e agora comitês locais protegem as propriedades públicas e privadas na região oriental do país.

"Al Jazeera" exibiu ainda imagens de moradores da cidade de Benghazi que celebravam com canções e fogos de artifício o que chamavam de libertação desta cidade dos seguidores do regime de Kadafi e dos mercenários.

Segundo a emissora catariana, os revolucionários já dirigem as emissoras de rádio de Benghazi, Al Bayda e de outras cidades do leste do país, e transmitem comunicados a favor da revolução e instruções aos jovens para que protejam as instituições públicas.


Em Roma, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, confirmou que a região da Cirenaica, no nordeste, já não estava em poder do Governo de Kadafi e considerou que o número de mortos durante os protestos se aproximava de mil.

A violência e o caos dos últimos dias geraram o temor de que se produza um êxodo em massa a partir Líbia, especialmente para a Itália. Por isso, Frattini advertiu que até 400 mil líbios podem deixar o país nos próximos dias.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), há um fluxo regular de pessoas procedentes da Líbia rumo à fronteira com a Tunísia, embora a maioria pareça ser de imigrantes tunisianos que retornam a seu país.

A porta-voz do Acnur, Sybella Wilkes, informou à Agência Efe que também há líbios e pessoas de outras nacionalidades e ressaltou que as fronteiras da Líbia com a Tunísia e o Egito permanecem abertas.

Ela preferiu não fazer uma estimativa do número de líbios que querem deixar o país pela violência.

"Não temos números", afirmou.

O Acnur enviou duas equipes de especialistas à fronteira da Líbia com a Tunísia, e uma terceira à fronteira com o Egito. Todas se encarregarão de avaliar a situação dos refugiados.

Enquanto isso, os Governos ocidentais se preparam para evacuar seus cidadãos, por via aérea ou marítima.

França ou Rússia já começaram as evacuações, enquanto União Europeia (UE), Estados Unidos e China anunciaram que farão o mesmo nas próximas horas.

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