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Pelo menos oito morrem em confecção em Bangladesh

Um incêndio atingiu uma confecção duas semanas depois do desabamento de um edifício que abrigava fábricas têxteis

Homem vasculha tecidos após incêndio: as vítimas morreram, presas em uma escada, em consequência da fumaça tóxica emitida por roupa acrílica (REUTERS/Andrew Biraj)
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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 12h42.

Dacca - Pelo menos oito pessoas morreram nesta quinta-feira em um incêndio numa confecção de Bangladesh , duas semanas depois do desabamento de um edifício que abrigava fábricas têxteis, que deixou cerca de 950 mortos, uma nova tragédia, que ilustra os graves problemas de segurança em um setor vital para a economia do país.

O incêndio, que está sendo investigado, aconteceu na madrugada desta quinta-feira no terceiro andar de um edifício de 11 andares que abrigava duas unidades de confecção, no bairro de Darussalam de Daca, a capital.

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As vítimas morreram por asfixia, presas em uma escada, "em consequência da fumaça tóxica emitida por roupa acrílica", afirmou à AFP o comandante dos bombeiros de Bangladesh, Mahbubur Rahman.

O proprietário da fábrica de camisas Tung Hai está entre as vítimas, mas nenhum operário faleceu, já que a fábrica fecha à noite, de acordo com a polícia e os bombeiros. "O incêndio foi grande, mas conseguimos reduzi-lo a um andar", explicou Rahman.

Segundo o chefe de polícia local, Jalibur Rahman, o incêndio matou oito pessoas, incluindo o proprietário, quatro funcionários e dois policiais. A oitava vítima ão foi identificada.

"Apenas o proprietário, seus funcionários e seus amigos ficaram presos em um andar mais alto", disse.

A Tung Hai informou em sua página no Facebook que entre seus clientes tem a marca britânica Primark.

A gigante espanhola Inditex, dona da Zara, afirmou que havia feito pedidos no passado, mas já não tinha nenhum vínculo com a Tung Hai.


---- 950 mortos no Rana Plaza ----

Este novo drama ocorre quando o balanço do desabamento de um edifício do setor têxtil no dia 24 de abril, perto de Daca, não para de aumentar: o exército anunciou nesta quinta-feira que já são 947 os mortos, na maior tragédia da indústria deste país pobre do sudeste asiático.

O Rana Plaza, um edifício de nove andares que abrigava cinco ateliês de confecção, desmoronou como um castelo de cartas um dia após os operários avisarem que havia rachaduras nas paredes. Mais de 3.000 operários estavam trabalhando.

O oficial Siddiqul Alam Sikder, que supervisiona as operações de busca, disse à AFP que espera terminar o trabalho na sexta-feira antes que as gruas e escavadeiras retirem as toneladas de escombros.

Bangladesh é o segundo produtor de roupas do mundo graças aos baixos salários e à abundante mão-de-obra. Este setor chave da economia, que gera 29 bilhões de dólares por ano, representou no ano passado 80% das exportações do país.

Mas há anos as ONG denunciam as deploráveis condições de trabalho e as normas de segurança nesta indústria, o que levou marcas internacionais de roupas a ameaçarem deixar de comprar no país se o governo não melhorar a segurança urgentemente.


Os incêndios costumam ser frequentes nos 4.500 ateliês de confecção de Bangladesh, situados na maioria das vezes em edifícios antigos ou de construção defeituosa e dotados com uma rede elétrica precária.

Em novembro de 2012, 111 pessoas morreram em um incêndio em uma empresa têxtil.

A Clean Clothes Campaign, uma associação de defesa dos trabalhadores do setor têxtil, cuja sede se encontra em Amsterdã, afirma que mais de 700 empregados da confecção morreram em incêndios no país desde 2006.

Bangladesh anunciou na quarta-feira o fechamento de 18 fábricas têxteis em Dacca e Chittagong, a segunda cidade do país, depois de se comprometer com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a tomar medidas imediatas para reforçar a segurança nas fábricas após o drama do Rana Plaza.

As marcas ocidentais criticaram as condições de trabalho dos operários, mas seguem comprando, provocando críticas pelo duplo discurso que consiste, por fim, em fechar os olhos aos "ateliês da miséria".

Um grupo de especialistas da ONU convocou na quarta-feira as grandes marcas internacionais de roupas a não saírem de Bangladesh, mas a trabalharem em colaboração com o governo, com as organizações internacionais e com a sociedade civil para melhorar as condições de trabalho.

*Matéria atualizada às 12h42

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