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Paz na Ucrânia cada vez mais distante

Cessar-fogo na Ucrânia está por um fio, após o presidente acusar rebeldes de colocar o processo de paz em perigo


	Petro Poroshenko: Poroshenko anunciou ontem que ordenou o envio de reforços militares às cidades do leste
 (Genya Savilov/AFP)

Petro Poroshenko: Poroshenko anunciou ontem que ordenou o envio de reforços militares às cidades do leste (Genya Savilov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2014 às 11h51.

Donetsk - O cessar-fogo na Ucrânia está por um fio, depois que o presidente Petro Poroshenko acusou os rebeldes pró-Rússia de colocar em perigo o processo de paz e ordenar o envio de mais tropas às cidades do leste do país.

Em outro sinal da distância entre os dois lados, o primeiro-ministro Arseni Yatseniuk anunciou a suspensão do financiamento das áreas sob controle dos separatistas para não ajudar os "terroristas".

Nesta quarta-feira era possível ouvir tiroteios ao redor do aeroporto de Donetsk, onde as tropas do governo combatem há várias semanas as forças separatistas. Uma coluna de fumaça era observada na localidade de Peski, sob controle do exército, em meio aos disparos de foguetes do tipo Grad e obuses.

Dois soldados ucranianos morreram durante a manhã no leste do país e nove ficaram feridos, segundo o porta-voz das Forças Armadas, Andrei Lysenko.

As pessoas responsáveis por monitorar o cessar-fogo, que incluem representantes do governo, dos rebeldes, da Rússia e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), devem "debater um caminho possível para um cessar-fogo na área do aeroporto", disse Lysenko.

A trégua, assinada em 5 de setembro, parece cada vez mais frágil desde que os rebeldes desafiaram o governo no domingo e organizaram eleições próprias que, segundo eles, legitimam os dois Estados autoproclamados de Donetsk e Lugansk.

"A intensidade dos combates aumentou", destacou Lysenko.

"A entrega de uma quantidade significativa de equipamentos e o envio de pessoas procedentes da Rússia aos territórios controlados pelos rebeldes não parou", completou, ao repetir as acusações, negadas por Moscou, de uma ajuda russa aos combatentes separatistas.

As autoridades ucranianas afirmam que estão preparadas para o pior, depois que os rebeldes ameaçaram ampliar seu território.

Poroshenko anunciou na terça-feira que ordenou o envio de reforços militares às cidades do leste para proteger o país de uma "possível ofensiva contra Mariupol, Berdyansk, Kharkiv".

"Somos obrigados, como Estado ucraniano, a não permitir a ampliação do tumor canceroso, a assegurar o bloqueio deste território", afirmou em um encontro com comandantes militares.

A Rússia anunciou no domingo que "respeita" os resultados das eleições separatistas, enquanto Kiev, União Europeia e Estados Unidos afirmam que as votações colocam em perigo os acordos paz de Minsk, que propõem mais autonomia para as áreas rebeldes.

Poroshenko decidiu pedir ao Parlamento a anulação da tramitação da lei que concedia mais autonomia aos separatistas de Donetsk e Lugansk.

Os separatistas adotaram um tom conciliador nesta quarta-feira, com declarações a favor da retomada do processo de paz.

"Estamos preparados para trabalhar em uma nova versão do acordo", anunciaram os separatistas de Donetsk e Lugansk em um comunicado conjunto.

Mas a possibilidade de um novo pacto com Kiev parece distante.

"Enquanto uma parte das regiões de Donetsk e Lugansk continuar controlada por impostores, o governo não enviará recursos", declarou Yatseniuk.

"Quando os terroristas deixaram Donetsk e Lugansk e recuperarmos o controle dos territórios, entregaremos a cada habitante os subsídios sociais a que tem direito", completou.

Kiev não suspenderá, no entanto, o fornecimento de gás e energia elétrica para estas regiões para evitar uma catástrofe humanitária.

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