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Passageiros do Costa Allegra desembarcam após 3 dias no mar

Eles passaram por três dias de angústia num cruzeiro sem eletricidade, banheiro ou alimentos quentes depois de um incêndio no Oceano Índico

Os turistas, desorientados, fatigados, mas com um sorriso de alívio, procuravam por sua bagagem, colocadas no cais
 (Alberto Pizzoli/AFP)

Os turistas, desorientados, fatigados, mas com um sorriso de alívio, procuravam por sua bagagem, colocadas no cais (Alberto Pizzoli/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de março de 2012 às 10h05.

Victoria - Centenas de passageiros esgotados, mas aliviados, do "Costa Allegra" desembarcaram nesta quinta-feira nas ilhas Seicheles, depois de três dias de angústia num cruzeiro sem eletricidade, banheiro ou alimentos quentes depois de um incêndio no Oceano Índico.

Segundo o capitão do cruzeiro, Niccolo Alba, os passageiros chegaram a ser preparados para uma evacuação depois do incêndio.

"Os passageiros foram equipados para serem retirados; colocaram os coletes salva-vidas e foram levados até os botes", contou Alba em uma coletiva de imprensa realizada pouco depois de chegar em terra, ao porto de Mahé, principal ilha do arquipélago.

Segundo Alba, visivelmente alterado e com uma barba de quatro dias, a situação de emergência durou cerca de três horas até ter certeza de que o fogo estava totalmente apagado. As chamas foram controladas em menos de uma hora, assegurou.

"Foi algo atroz", declarou, por sua vez, à AFP Henri, um francês de 82 anos.

"O primeiro dia não foi tão difícil, mas a situação piorou gradualmente. Não havia luz, nem banheiro, e eu tinha dificuldade para dormir no convés, com tantas pessoas apinhadas", acrescentou o passageiro, que não quis dar o nome completo.

"Foi uma viagem esgotante", confirmou Alena Daem, uma passageira belga de 62 anos, acrescentando que se sentia exausta, mas contente por tudo ter terminado.

"Tivemos de dormir no convés por causa da falta de ar condicionado e o cheiro nas cabines porque não podíamos usar o banheiro", explicou.

"Havia alimentos, mas nada para comer que tivesse de ser cozido. Comemos muito pão", acrescentou.

Os passageiros foram recebidos com gritos de alegria pelo comitê de boas-vindas organizado pelas autoridades das ilhas Seicheles, assim como por jornalistas em busca de seus testemunhos.

Os turistas, desorientados, fatigados, mas com um sorriso de alívio, procuravam por sua bagagem, colocadas no cais.


Desde terça-feira, o "Costa Allegra", que transportava aproximadamente mil pessoas a bordo, foi rebocado por uma embarcação de pesca francesa até o Porto de Victoria e escoltado pela Guarda Costeira das Seicheles para fazer frente a um eventual ataque de piratas somalis.

Na segunda-feira, o navio sofreu um incêndio na sala de máquinas que paralisou os motores e provocou uma falha geral, mas sem causar vítimas.

No entanto, testemunhos indiretos já haviam revelado que os passageiros se viram obrigados a dormir na ponte devido ao calor e à escuridão que reinavam no cruzeiro.

No Porto de Victoria, os tripulantes ajudavam os passageiros a se orientar. Dezesseis ônibus foram disponibilizados para levá-los para o aeroporto, onde dois aviões, fretados pela companhia Costa, decolarão com direção à Europa.

Mais da metade dos 627 passageiros decidiram, no entanto, continuar com suas férias nas Seicheles, pagas pela companhia.

"Será difícil organizar a chegada, porque muitas pessoas decidiram ficar aqui para passar as férias, mas elas poderão descansar e desfrutar do Carnaval (previsto para sexta-feira nas Seicheles), e deste paraíso terrestre", prometeu o diretor do Departamento de Turismo local, Alain St Ange.

Além dos passageiros de 25 nacionalidades diferentes - em sua maioria, italianos, franceses e austríacos - o "Costa Allegra", um porta-aviões de 188 metros transformado em barco de cruzeiro, transportava 413 tripulantes.

Este incidente ocorreu no pior momento para o armador Costa Cruzeiro, uma filial da gigante americana Carnival, objeto de inúmeros processos depois do naufrágio de outro de seus barcos, o "Concordia", em um acidente que deixou 32 mortos em 13 de janeiro perto da ilha italiana de Giglio.

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