Partido salafista do Egito defende modelo parlamentar
Principal surpresa nas eleições do país, grupo também defendeu que o estado permaneça laico
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 15h25.
Cairo - O partido salafista Al Nour, a grande surpresa até o momento nas eleições legislativas egípcias, defende um estado civil e não religioso, e considera o modelo parlamentar de países como Israel e Turquia o ideal para o país.
'Desejamos um sistema parlamentar no qual as competências dos poderes estejam claras e não exista poder absoluto de nenhum deles', afirmou o presidente do partido, Emad Abdel Gafur, em entrevista concedida à Efe.
Ao contrário do presidencialismo, que vigorou no Egito até a queda de Hosni Mubarak, no sistema parlamentar de agora a escolha do governo depende dos deputados, e o poder legislativo é responsável politicamente pelo executivo.
Os candidatos que já anunciaram a intenção de concorrer nas eleições presidenciais de 2012 defendem que o chefe de estado tenha o poder executivo, pois temem que a nova Constituição esvazie as funções da presidência.
O líder salafista explicou que seu partido não quer que o Egito seja um estado religioso, mas tampouco um país laico. 'Desejamos um estado moderno civil que tenha como referência o islã', explicou.
'Acreditamos em mecanismos democráticos como a alternância de poder, a separação dos poderes, a independência da Justiça e a proteção das liberdades', disse o líder.
Além disso, Abdel Gafur afirmou que o Al Nour defende a conservação do segundo artigo da atual Constituição egípcia, que considera o islã como a religião do estado e a 'sharia' (lei islâmica) como principal fonte da legislação.
O político, no entanto, garantiu que o Al Nour, segundo partido mais votado na primeira etapa das eleições, com 24% dos votos, não pretende introduzir mudanças radicais na sociedade, com o objetivo de adaptá-la à 'sharia'.
'Não estamos em conflito com as antigas culturas egípcias. O turismo no Egito é em primeiro lugar cultural e nós pretendemos ampliar esse setor', argumentou.
O futuro do legado histórico do Egito num país governado pelos salafistas despertou inquietação em parte da população, pois o islã proíbe a existência de múmias e estátuas, e o Alcorão critica os faraós por quererem suplantar o poder de Deus.
Já em relação ao sistema financeiro, Abdel Gafur defendeu a não cobrança de juros, de acordo com as leis do islã, mas disse que esse não precisa ser o único modelo adotado no país.
O crescimento salafista também preocupa os cristãos coptas do Egito, que representam 10% da população. O dirigente do Al Nouri, no entanto, afirmou que a construção de igrejas não será impedida.
Em referência a Israel, Abdel Gafur se afastou da posição mais radical de seu partido e citou o país como um modelo de parlamentarismo. Disse também que é preciso cumprir todo o acordo de paz estabelecido com o país vizinho.
A votação do Al Nouri em cidades como o Cairo surpreendeu muitos analistas. No entanto, o partido tem uma forte base no interior, devido principalmente às ações humanitárias e religiosas praticadas pelo partido desde os anos 70.
A segunda etapa das eleições no Egito começa nesta quarta-feira. Os resultados definitivos só serão conhecidos em meados de janeiro do ano que vem. EFE
Cairo - O partido salafista Al Nour, a grande surpresa até o momento nas eleições legislativas egípcias, defende um estado civil e não religioso, e considera o modelo parlamentar de países como Israel e Turquia o ideal para o país.
'Desejamos um sistema parlamentar no qual as competências dos poderes estejam claras e não exista poder absoluto de nenhum deles', afirmou o presidente do partido, Emad Abdel Gafur, em entrevista concedida à Efe.
Ao contrário do presidencialismo, que vigorou no Egito até a queda de Hosni Mubarak, no sistema parlamentar de agora a escolha do governo depende dos deputados, e o poder legislativo é responsável politicamente pelo executivo.
Os candidatos que já anunciaram a intenção de concorrer nas eleições presidenciais de 2012 defendem que o chefe de estado tenha o poder executivo, pois temem que a nova Constituição esvazie as funções da presidência.
O líder salafista explicou que seu partido não quer que o Egito seja um estado religioso, mas tampouco um país laico. 'Desejamos um estado moderno civil que tenha como referência o islã', explicou.
'Acreditamos em mecanismos democráticos como a alternância de poder, a separação dos poderes, a independência da Justiça e a proteção das liberdades', disse o líder.
Além disso, Abdel Gafur afirmou que o Al Nour defende a conservação do segundo artigo da atual Constituição egípcia, que considera o islã como a religião do estado e a 'sharia' (lei islâmica) como principal fonte da legislação.
O político, no entanto, garantiu que o Al Nour, segundo partido mais votado na primeira etapa das eleições, com 24% dos votos, não pretende introduzir mudanças radicais na sociedade, com o objetivo de adaptá-la à 'sharia'.
'Não estamos em conflito com as antigas culturas egípcias. O turismo no Egito é em primeiro lugar cultural e nós pretendemos ampliar esse setor', argumentou.
O futuro do legado histórico do Egito num país governado pelos salafistas despertou inquietação em parte da população, pois o islã proíbe a existência de múmias e estátuas, e o Alcorão critica os faraós por quererem suplantar o poder de Deus.
Já em relação ao sistema financeiro, Abdel Gafur defendeu a não cobrança de juros, de acordo com as leis do islã, mas disse que esse não precisa ser o único modelo adotado no país.
O crescimento salafista também preocupa os cristãos coptas do Egito, que representam 10% da população. O dirigente do Al Nouri, no entanto, afirmou que a construção de igrejas não será impedida.
Em referência a Israel, Abdel Gafur se afastou da posição mais radical de seu partido e citou o país como um modelo de parlamentarismo. Disse também que é preciso cumprir todo o acordo de paz estabelecido com o país vizinho.
A votação do Al Nouri em cidades como o Cairo surpreendeu muitos analistas. No entanto, o partido tem uma forte base no interior, devido principalmente às ações humanitárias e religiosas praticadas pelo partido desde os anos 70.
A segunda etapa das eleições no Egito começa nesta quarta-feira. Os resultados definitivos só serão conhecidos em meados de janeiro do ano que vem. EFE