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Parlamento britânico rejeita pedido de Johnson por eleição antecipada

Primeiro-ministro britânico precisava dos votos de 434 parlamentares, mas apenas 298 foram a favor de uma eleição, enquanto 56 votaram contra

Boris Johnson: ministro britânico é derrubado pelo parlamento do Reino Unido (UK Parliament/Jessica Taylor/Reuters)

Boris Johnson: ministro britânico é derrubado pelo parlamento do Reino Unido (UK Parliament/Jessica Taylor/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 18h21.

Londres — O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, fracassou nesta quarta-feira, 4, na tentativa de conquistar apoio suficiente dos parlamentares para ir adiante com um plano de realizar eleições antecipadas.

Ele precisava dos votos de 434 parlamentares, mas apenas 298 votaram a favor de uma eleição, enquanto 56 votaram contra. O Partido Trabalhista, de oposição, orientou seus membros a se absterem na votação.

Por 327 votos a favor contra 299, a Câmara dos Comuns aprovou uma lei que obriga o Executivo a pedir outro adiamento de três meses do Brexit, previsto para 31 de outubro, se não chegar a um acordo com Bruxelas antes de 19 de outubro.

O texto passará agora à Câmara dos Lordes, onde um grupo de pró-europeus tentará impedir uma eventual manobra de bloqueio por parte dos eurocéticos.

Debilitado pela perda de sua maioria parlamentar e pela imposição de um novo adiamento do Brexit, que, segundo ele, acaba com sua principal base para que a UE aceite as condições em uma nova negociação, Johnson contra-atacou submetendo imediatamente sua proposta de eleições antecipadas em 15 de outubro.

"O país deve decidir se é o líder da oposição ou sou eu quem vai a Bruxelas" tentar obter um acordo, disse, em referência a seu opositor trabalhista Jeremy Corbyn.

Mas para antecipar as legislativas - previstas para 2022 - precisava do aval de dois terços da Câmara de 650 assentos e não conseguiu.

A oposição, uma grande maioria da qual se absteve, afirmou temer um artifício do primeiro-ministro, enquanto a lei contra um Brexit sem acordo não tivesse sido ratificada pela câmara alta do Parlamento.

"O nível de confiança de Boris Johnson é muito, muito baixo", afirmou Keir Starmer, do Partido Trabalhista, apesar de reconhecer que sua formação quer eleições gerais.

Suspensão do Parlamento

"Boris é um amigo meu e vai conseguir. Não tenho dúvidas", tuitou o presidente americano Donald Trump, de Washington. "Boris sabe como ganhar. Não se preocupem com ele.

Os mercados discordaram: a libra esterlina já tinha disparado 1% nesta manhã, antecipando sua derrota.

Os britânicos decidiram sair da UE com 52% dos votos na consulta popular realizada em 2016.

Inicialmente previsto para ser concluído em março passado, o Brexit foi adiado duas vezes diante da rejeição do Parlamento ao Tratado de Retirada negociado pela então premiê Theresa May.

Johnson chegou ao poder em 24 de julho, com a garantia de que vai tirar o país da UE em 31 de outubro - com, ou sem, acordo.

Mas muitos temem as possíveis consequências econômicas caóticas da saída abrupta.

Os opositores correm contra o relógio, já que o premiê anunciou que suspenderá os trabalhos parlamentares entre a segunda semana de setembro e 14 de outubro.

Nesta quarta, a mais alta instância judicial civil da Escócia declarou legal a suspensão do Parlamento decidida pelo primeiro-ministro.

Pessimismo da Comissão Europeia

Como em outros dias, os manifestantes se aglomeraram em frente a Westminster. Mesmo a juventude conservadora convocou protestos contra a "radicalização" de seu partido.

"Um Brexit sem acordo é totalmente inaceitável", disse à AFP Jack Harhreaves, de 34 anos, que defende um segundo referendo, afirmando que "é uma questão de democracia neste país".

De Bruxelas, a Comissão Europeia avaliou, nesta quarta, que "o pouco tempo restante e a situação política" aumentam o risco de uma saída sem acordo.

Enquanto isso, o ministro das Finanças, Sajid Javid, prometeu que o Reino Unido "vai virar a página" de uma década de austeridade, ao apresentar um orçamento que aumentará os gastos públicos em 13,8 bilhões de libras (16,8 bilhões de dólares), especialmente em educação e saúde.

(Com Reuters e AFP)

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