Parlamento britânico critica "plano B" de Theresa May
Depois de perder a votação do acordo do Brexit no Parlamento, May enfrente dificuldades em apresentar novas propostas pra um outro acordo
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 11h06.
Última atualização em 22 de janeiro de 2019 às 11h07.
Londres - "Então é isso: o plano B de Theresa May é tentar convencer os deputados a votar no Plano A." Foi com essa definição que a deputada opositora Stella Creasy resumiu, no Twitter, como o Parlamento britânico recebeu as propostas apresentadas nestas segunda-feira, 21, pela primeira-ministra, seis dias após ela ter seu acordo sobre o Brexit rejeitado pela diferença histórica de 230 votos.
A piada da deputada trabalhista é uma referência à falta de propostas de May para que um novo plano seja votado. Na semana passada, May sofreu a pior derrota de um governo britânico no Parlamento em quase 100 anos quando tentou aprovar o acordo que tinha feito com a União Europeia.
Apesar do resultado, a premiê conseguiu, no dia seguinte, garantir o voto de confiança dos deputados, se mantendo no comando do governo, mas travando uma batalha política com a oposição trabalhista e com integrantes do próprio partido que são favoráveis a uma saída sem acordo da UE.
Em discurso no Parlamento nesta segunda, May se comprometeu a "renegociar os termos do pacto", sem dar detalhes específicos. A única proposta foi abolir uma taxa de £ 65 (R$ 315) que seria cobrada de cidadãos europeus que queiram continuar morando no Reino Unido após a retirada do país da UE.
May descartou a possibilidade de um adiamento do prazo final para a saída do Reino Unido da UE e a convocação de um novo referendo sobre o Brexit, o que muitos defensores da permanência na UE pedem.
Ela também disse que continuará dialogando com políticos e setores da sociedade civil para costurar um novo acordo que impeça o Reino Unido de deixar a União Europeia sem período de transição, o chamado Brexit duro. Se nenhuma proposta de saída for aprovada pelo Parlamento, o Reino Unido sairá da UE em 29 de março sem acordo e sem período de transição.
A primeira-ministra pediu aos parlamentares, até mesmo os de oposição, que apresentem a ela projetos e propostas. Ela afirmou ainda que conversará com parlamentares da Irlanda do Norte, que temem as novas regras para o trânsito de pessoas e de mercadorias na fronteira com a República da Irlanda após o Brexit.
O mecanismo projetado para impedir o restabelecimento de uma fronteira física entre a Irlanda, país-membro da UE, e o território britânico da Irlanda do Norte, chamado de "backstop", é um dos pontos mais controvertidos do acordo. May não deu nenhuma solução para o problema, além de prometer "criar um comitê" para manter o diálogo e fornecer "garantias sobre padrões ambientais e direitos dos trabalhadores".
A fala foi vista como uma tentativa de sensibilizar membros do Partido Conservador, o mesmo de May, favoráveis à saída do país da UE sem acordo, e o Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês) da Irlanda do Norte, que tem expressado preocupação a respeito do futuro da fronteira.
Os membros do Parlamento britânico não chegaram ainda a um acordo sobre como manter as fronteiras livres quando o Reino Unido estiver formalmente fora do mercado único e da união aduaneira da Europa. May negociou com a UE regras alfandegárias especiais, que valeriam apenas para a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
No entanto, o DUP, que defende os laços da Irlanda do Norte com o Reino Unido, rejeitou o acordo por temer que regras diferenciadas enfraqueçam esses laços, pondo em risco a integridade do reino. Ainda assim, o partido votou para que a primeira-ministra permanecesse no cargo.
Parlamentares do Partido Conservador também se manifestaram contra as regras especiais na fronteira das Irlandas, temendo que uma parte do Reino Unido continue sujeita a regras da UE por tempo indeterminado. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.