Parada em discussão não afeta troca de combustível do Irã
Segundo ministro das Relações Exteriores iraniano, congelamento das discussões só serve para as grandes potências
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2010 às 11h59.
Teerã - O congelamento das negociações nucleares com as grandes potências até o final de agosto não afeta uma eventual troca de combustível, declarou nesta terça-feira o ministro iraniano das Relações Exteriores, Manucher Mottaki.
"A data do fim do Mordad (mês iraniano relativo a 22 de agosto) só se refere às negociações com o grupo 5+1" (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha), indicou Mottaki em coletiva de imprensa.
"As negociações sobre a troca de combustível só se referem a essa troca, enquanto que as negociações com o 5+1 se referem a pontos comuns", que o Irã e as grandes potências querem discutir em relação ao tema nuclear, acrescentou Mottaki. "São coisas diferentes", insistiu.
Mottaki precisou que está preparando um encontro com seus colegas turco e brasileiro para abordar a oferta de troca de combustível nuclear com as grandes potências.
O Irã não retomará antes de agosto as negociações com as grandes potências sobre seu programa nuclear com o objetivo de dar uma lição aos ocidentais como se deve falar com as outras nações, afirmou na segunda-feira o presidente Mahmud Ahmadinejad, que também pediu a presença do Brasil e da Turquia nessas conversações.
"Nós atrasaremos as negociações em razão da má conduta e da adoção da nova resolução (do Conselho de Segurança da ONU sancionado o Irã)", informou Ahmadinejad em resposta a uma questão feita durante uma coletiva de imprensa.
"Não haverá negociação antes do fim do mês (iraniano) de Mordad (equivalente ao dia 22 de agosto), no meio do Ramadã. É a multa que eles devem pagar para aprender a ter educação na hora de falar com as outras nações", acrescentou o presidente iraniano em uma alusão às sanções votadas no dia 9 de junho pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã, quando foi acusado de falta de transparência e cooperação em seu polêmico programa nuclear.
Ahmadinejad ainda afirmou que as discussões entre o Irã e as grandes potências do "grupo de Viena" (Estados Unidos, Rússia e França sob patrocínio da Agência Internacional de Energia Atômica) sobre uma eventual troca de combustível nuclear deverá compreender o Brasil e a Turquia.
"Nós estamos prontos para negociar uma troca de combustível com base na declaração de Teerã", assinado em maio pelo Irã, pela Turquia e pelo Brasil, afirmou. Mas "se de um lado estão Rússia, França e Estados Unidos, o Irã irá junto da Turquia e do Brasil".