(Tomohiro Ohsumi/Bloomberg/Bloomberg)
Fabiane Stefano
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 14h23.
Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 15h08.
Aproveitando uma certa conjuntura favorável às exportações, muitos países "surfam uma onda" e conseguem aumentar seu PIB per capita em um determinado período. Mas, ao atingirem um certo patamar de riqueza, esses países não conseguem continuar crescendo devido a problemas estruturais, como baixa diversificação da indústria, precarização do mercado de trabalho e até mesmo falta de energia elétrica.
É a "armadilha da renda média", que acontece na África do Sul, aconteceu no Brasil... Mas não deve acontecer com a China — pelo menos se os planos de Xi Jinping derem certo. Após praticamente eliminar a pobreza extrema na China, o presidente agora pretende dobrar o tamanho da classe média do país até 2035. Mesmo sem metas mais detalhadas, o plano mostra a preocupação do país com a inclusão econômica da grande massa de trabalhadores pobres, evitando a estagnação da economia.
O objetivo também vai ao encontro das estratégias do Partido Comunista Chinês para acelerar a retomada da economia no pós-pandemia, que priorizam o desenvolvimento do mercado interno — protegendo o país de incertezas externas.
Atualmente, a classe média chinesa — aqueles que ganham entre 15.000 e 390.000 dólares ao ano — soma 400 milhões de habitantes. Um crescimento de 60% nesse número criaria um mercado consumidor maior que Estados Unidos e União Europeia juntos, ampliando o acesso da população chinesa ao saneamento básico e a viagens de avião, por exemplo, alavancando a importância do país no cenário global.
Apesar de anos de crescimento acelerado e um PIB per capita de 10.000 dólares em 2020, a desigualdade ainda é uma questão da economia chinesa justamente por limitar a continuidade do crescimento. Além disso, é também uma pedra no sapato do Partido Comunista, cujas propostas requerem o desenvolvimento da qualidade de vida dos trabalhadores.