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Para Kirchner, Malvinas disfarça crise de Reino Unido

Nas Nações Unidas, as Malvinas são consideradas um território em disputa, cuja situação deveria ser resolvida em uma mesa de negociação


	A presidente argentina, Cristina Kirchner: Cristina Kirchner mobilizou os governos da região para apoiar seu pedido de iniciar negociações com o Reino Unido, e até pediu ajuda ao papa Francisco.
 (Juan Mabromata/AFP)

A presidente argentina, Cristina Kirchner: Cristina Kirchner mobilizou os governos da região para apoiar seu pedido de iniciar negociações com o Reino Unido, e até pediu ajuda ao papa Francisco. (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Buenos Aires – A Argentina lembra hoje (2) o 31º aniversário do inicio da guerra com o Reino Unido pela posse das Ilhas Malvinas (Falkland Islands), que durou 73 dias e terminou com a vitória britânica. Em discurso transmitido em cadeia nacional de televisão, a presidenta Cristina Kirchner acusou o governo do primeiro-ministro David Cameron de usar as Malvinas “para ocultar o desastre econômico na Europa”.

O ato político ocorreu em Puerto Madryn (na província de Chubut), a mais de 1.300 quilômetros de Buenos Aires. Foi nesse porto que, no dia 19 de junho de 1982, desembarcaram as tropas argentinas derrotadas. Passados 31 anos, o governo argentino continua reivindicando a soberania do arquipélago, localizado do Atlântico Sul, de onde foram expulsos pelos britânicos em 1833.

Nas Nações Unidas, as Malvinas são consideradas um território em disputa, cuja situação deveria ser resolvida em uma mesa de negociação. Mas o Reino Unido se recusa a negociar: diz que cabe aos quase 3 mil moradores das ilhas decidir seu futuro e eles votaram por continuar como cidadãos britânicos em plebiscito feito em março passado.

Cristina Kirchner mobilizou os governos da região para apoiar seu pedido de iniciar negociações com o Reino Unido, e até pediu ajuda ao papa Francisco, que chegou a dizer que as Malvinas são argentinas quando era arcebispo de Buenos Aires. No discurso de hoje, Cristina disse que converteu as Malvinas em “causa regional” e símbolo de combate ao colonialismo.

Segundo o analista político Rosendo Fraga, os discursos e atos, no entanto, terão pouco ou nenhum resultado prático. “O governo fez das Malvinas uma prioridade, mas em mais um efeito político interno do que um efeito na diplomacia internacional”, disse Fraga, em entrevista à Agencia Brasil.


“A Espanha ainda reivindica a soberania de Gibraltar, que está dentro de seu território, e os britânicos não têm a menor intenção de ceder aos espanhóis, que são sócios do Reino Unido na União Europeia. Por que haveria de ser diferente em relação à Argentina, ainda mais agora que encontraram petróleo nas águas que rodeiam as ilhas?”, questionou o analista.

Cristina também homenageou os soldados caídos. Morreram na guerra três ilhéus, 259 britânicos e 649 argentinos, dos quais 233 ainda não foram identificados. O governo argentino pediu à Cruz Vermelha que ajude a identificá-los.

A Guerra das Malvinas começou no dia 2 de abril de 1982, quando o então ditador argentino Leopoldo Galtieri tentou retomar o arquipélago pela forca. A derrota argentina marcou o inicio do fim do regime militar e o retorno à democracia no ano seguinte. De outro lado, o conflito fortaleceu o governo britânico e permitiu a reeleição da então primeira-ministra Margareth Thatcher, que enfrentava grande crise econômica em seu país.

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