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Para impulsionar consumo, China pode refinanciar até US$ 5,4 trilhões em hipotecas

Crise imobiliária do país está no seu quarto ano e afetando outros setores da economia

Políticas para 'bombar' o setor imobiliário acontecem desde o final de 2022 (Jiande Wu/Getty Images)

Políticas para 'bombar' o setor imobiliário acontecem desde o final de 2022 (Jiande Wu/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 30 de agosto de 2024 às 09h51.

A China está considerando permitir que os proprietários de imóveis refinanciem até US$ 5,4 trilhões em hipotecas para reduzir os custos de empréstimos para milhões de famílias e impulsionar o consumo.

De acordo com a Bloomberg, os donos poderiam renegociar os termos com seus credores atuais antes de janeiro, quando os bancos normalmente ajustam os preços das hipotecas. Eles também teriam permissão para refinanciar com um banco diferente. Seria a primeira vez desde a crise financeira global, em 2008, que isso aconteceria.

As autoridades estão intensificando um esforço para reduzir os custos das hipotecas depois que o banco central incentivou esse apoio no ano passado e os bancos responderam com um raro corte de taxas. Embora custos de hipoteca mais baixas prejudiquem a lucratividade dos bancos estatais chineses, as autoridades estão enfrentando uma pressão para conter uma desaceleração liderada pelo mercado imobiliário na maior economia da Ásia.

As preocupações se intensificaram nesta semana após uma série de relatórios de lucros decepcionantes de empresas de consumo e um corte na previsão de crescimento da China por economistas do UBS. Isso reflete um consenso entre os bancos globais de que o país pode não atingir sua meta de crescimento de cerca de 5% em 2024. A última vez que isso aconteceu foi em 2022, ainda sob os efeitos da pandemia.

Novo plano

O novo plano tem como alvo os proprietários de imóveis que não aproveitaram os cortes das principais taxas de juros deste ano.

Se aprovado, a nova politica pode servir para aliviar os encargos da hipoteca mais rápido do que o esperado. Embora a China tenha empurrado os custos médios de hipotecas para uma baixa recorde neste ano, a maioria das famílias não se beneficiou, já que os bancos não reajustarão os preços dos empréstimos existentes até o ano que vem, segundo a Bloomberg.

As medidas para reduzir os custos de hipotecas nos últimos anos ajudaram principalmente os novos compradores de imóveis. A taxa básica de juros de cinco anos, uma referência para hipotecas de longa duração, foi reduzida para 3,85% em julho. Em maio, o banco central eliminou um piso de taxa de hipoteca nacional para compras da primeira e segunda casas. Anteriormente, algumas megacidades permitiam que compradores que já tinham uma hipoteca — mesmo que totalmente quitada — se qualificassem para taxas mais baixas.

A disparidade gerou uma onda de pagamentos antecipados de hipotecas, o que prejudicou os credores nos últimos anos. Os proprietários de imóveis aproveitaram os empréstimos baratos ao consumidor para pagar hipotecas antecipadamente, uma prática proibida pelos reguladores.

Crise preocupante

Embora a China tenha flexibilizado suas políticas desde o final de 2022 para dar um gás no mercado imobiliário, a implementação das medidas tem sido lenta, com impacto limitado. O desempenho ruim do setor terá um impacto maior na economia geral do que o esperado, inclusive por meio do consumo das famílias, segundo o UBS.

A crise imobiliária, agora em seu quarto ano, arrastou tudo para baixo, do mercado de trabalho ao consumo e à riqueza das famílias. Embora as vendas no varejo tenham superado as expectativas em julho, isso se deveu em grande parte a um aumento sazonal e ainda estava bem abaixo da tendência pré-pandemia.

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