Para ex-premier britânico Tony Blair, Irã é o principal foco de instabilidade no Oriente Médio
Político acredita que é um erro isolar a China nas discussões sobre conflitos; para ele, país asiático pode ajudar a encontrar um modo de coexistência pacífica
Agência de notícias
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 14h57.
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair afirmou nesta segunda-feira que, em sua visão, o Irã é o principal foco de instabilidade no Oriente Médio , devido ao financiamento de grupos como o Hezbollah e o Hamas. Blair participou do evento Global Voices, realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no Palácio Tangará, em São Paulo.
Blair destacou que, embora o conflito em Gaza seja central, não resolve a totalidade dos problemas da região. Ele afirmou: “Resolver o conflito em Gaza não é resolver o problema por inteiro. A República Islâmica do Irã financia grupos que atuam não apenas em Gaza, mas também na Síria e no Iraque.”
Blair alertou para o potencial de escalada global do conflito no Oriente Médio, mas expressou esperança de que um equilíbrio seja alcançado para encerrar a guerra em Gaza.
Outros focos de tensão: Ucrânia e China
O ex-premiê também abordou a guerra na Ucrânia, destacando a aliança militar entre Rússia e Irã . Segundo ele, “o Irã construiu uma fábrica de drones na Rússia, e tropas da Coreia do Norte estão lutando em território ucraniano”. Blair alertou sobre a necessidade de evitar o isolamento da China , afirmando que “precisamos da China para reduzir as tensões e encontrar uma coexistência.”
Blair ressaltou que o avanço da Inteligência Artificial (IA) será essencial para aumentar a produtividade. Ele defendeu que empresas e países utilizem a tecnologia como uma ferramenta de transformação.
“A tecnologia é a resposta para a produtividade. Qualquer empresa terá que utilizar IA. Não tem jeito”, afirmou Blair.
Ele também destacou a importância de investir em educação, afirmando que é fundamental para que as pessoas se adaptem ao novo mundo tecnológico. Segundo Blair, sem um sistema educacional de qualidade, muitos terão dificuldade em acompanhar as transformações globais.
Brasil no cenário global
Blair elogiou o potencial do Brasil em áreas como petróleo, turismo e agronegócio e destacou o crescimento econômico do país em 2024, com uma previsão de mais de 2%. Ele afirmou que a dívida pública brasileira, apesar de parecer elevada, é comparativamente baixa em relação a outros países.
Além disso, Blair defendeu a necessidade de criar um ambiente favorável aos negócios, onde governos ajudem, e não se tornem obstáculos. Ele também reforçou que reformas como a tributária, em andamento no Brasil, são processos difíceis, mas essenciais para o desenvolvimento.
“Digo para as pessoas pensarem nessas reformas não como políticos, mas como se estivessem administrando uma empresa ou como pais que querem o melhor para seus filhos”, aconselhou.
Blair encerrou afirmando que a população não está preocupada com questões ideológicas, mas com resultados concretos:
“As pessoas não estão interessadas em direita ou esquerda. Elas querem que os governos foquem em algo que funcione.”
Após deixar o governo, Blair fundou o Tony Blair Institute for Global Change, que ajuda líderes de mais de 40 países a implementar melhores práticas de governança.