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Para a esquerda britânica, Rishi Sunak é 'rico demais para ser primeiro-ministro'

Neto de imigrantes indianos, Sunak se tornou, aos 42 anos, o primeiro chefe de Governo de uma minoria étnica no Reino Unido e também o dirigente mais rico que o país já teve

Rishi Sunak: para muitos, no entanto, o problema não é tanto sua riqueza, mas sua incapacidade de compreender as dificuldades do povo.  (Jonathan Hordle/Getty Images)
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AFP

Publicado em 25 de outubro de 2022 às 17h48.

A esquerda britânica considera que a imensa fortuna pessoal do novo primeiro-ministro Rishi Sunak o afasta da realidade diária de seus concidadãos para ser um bom líder em plena crise do custo de vida.

Neto de imigrantes indianos, Sunak se tornou, aos 42 anos, o primeiro chefe de Governo de uma minoria étnica no Reino Unido e também o dirigente mais rico que o país já teve.

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Seria "rico demais para ser primeiro-ministro?", questionou o jornal de esquerda The Guardian, destacando que ele e sua esposa têm uma fortuna combinada de 730 milhões de libras (838 milhões de dólares/cerca de 4,4 bilhões de reais).

Defensor da ortodoxia orçamentária, Sunak advertiu nesta terça-feira (25), em seu primeiro discurso, que deverá tomar "decisões difíceis" para acalmar a crise econômica, que está afundando muitos britânicos na pobreza.

"Sunak e sua esposa têm uma fortuna de 730 milhões de libras. É o dobro da fortuna estimada do rei Charles III. Lembrem-se quando falar em tomar 'decisões difíceis'", tuitou a deputada trabalhista Nadia Whittome.

A oposição trabalhista tem feito da fortuna do novo primeiro-ministro um alvo de ataque.

"O novo primeiro-ministro protegerá aos interesses do 1%" mais rico e "99% pagarão", tuitou o ex-líder da oposição trabalhista Jeremy Corbyn.

Dar os braços à elite

Nascido no sul da Inglaterra em uma família de origem indiana, Sunak é o filho mais velho de um médico da Saúde Pública e de uma farmacêutica. Envolveu-se desde cedo com a elite ao frequentar o Winchester College, um exclusivo internato para meninos que exigiu muitos sacrifícios de seus pais.

Após estudar em Oxford e antes de entrar para a política, trabalhou em financeiras, principalmente na Goldman Sachs, e fundou sua própria empresa de investimentos.

A riqueza que acumulou como banqueiro é desconhecida, mas sua fortuna aumentou quando se casou em 2009 com Akshata Murty, filha de um bilionário indiano.

Em abril, quando Sunak era ministro das Finanças, revelações de que sua esposa se beneficiava de uma vantajosa situação fiscal geraram polêmica, enquanto os preços subiam em todo o país.

Segundo uma pesquisa da Savanta ComRes, "rico" é a primeira palavra que vem à mente dos britânicos quando perguntam sobre seu novo líder.

"Poderia dizer que 'rico' no Reino Unido é provavelmente um termo pejorativo", disse à AFP Chris Hopkins, da Savanta ComRes, acrescentando que as palavras "competente" e "inteligente" também foram mencionadas.

"Difícil de digerir"

O conservador britânico Rishi Sunak foi nomeado primeiro-ministro britânico nesta terça-feira. O terceiro no cargo neste ano prometeu 'corrigir os erros' dos antecessores.

Ainda que a maioria dos britânicos desconhecesse a riqueza de Sunak antes da polêmica sobre a situação fiscal de sua esposa, sua fortuna pode ser agora "difícil de digerir" se ele anunciar medidas que afetem a economia das famílias, como aumentos de impostos e cortes de auxílios públicos, considera Hopkins.

Para muitos, no entanto, o problema não é tanto sua riqueza, mas sua incapacidade de compreender as dificuldades do povo.

Sunak "fracassa ruidosamente" em "compreender e ter empatia com as pessoas comuns, cujas vidas dependem das decisões tomadas pelo primeiro-ministro", escreveu o jornal The Mirror, quando Sunak já fazia campanha para chegar ao poder.

Em um país muito consciente das desigualdades entre as classes sociais, Sunak tenta se aproximar do britânico comum, repetindo vez ou outra que trabalhou na farmácia de sua família na adolescência e que quando criança passou férias em um apartamento emprestado.

Porém, algumas de suas atitudes o contradizem, como quando mais jovem se gabou de não ter amigos da classe trabalhadora. Recentemente, seus críticos apontavam para seus caros dispositivos tecnológicos e os sapatos Prada usados durante a campanha.

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