Papa quer que bispos tenham "tolerância zero" com pedofilia
Francisco pediu aos bispos para escutarem "o pranto e destas crianças" e também da Igreja
EFE
Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 14h57.
Cidade do Vaticano - O papa Francisco pediu que os bispos tenham "tolerância zero" com os casos de abuso sexual de menores por parte de membros do clero, em carta divulgada nesta segunda-feira.
"Tomemos a coragem necessária para implementar todas as medidas e proteger em tudo a vida de nossas crianças, para que tais crimes não se repitam mais. Assumamos clara e lealmente a consigna 'tolerância zero' neste assunto", escreveu o pontífice.
Francisco pediu aos bispos para escutarem "o pranto e destas crianças" e também da Igreja, que "chora não só perante a dor causada em seus filhos menores, mas também porque conhece o pecado de alguns de seus membros".
"O sofrimento, a história e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes. Pecado que nos envergonha. Pessoas que tinham como dever cuidar desses pequenos destroçaram sua dignidade", lamentou.
Como já fez em outras ocasiões, o papa pediu desculpas pelos casos de pedofilia na Igreja, pelo "pecado de omitir de assistência, o pecado de ocultar e negar e o pecado do abuso de poder".
Francisco repassou as dramáticas situações que afetam milhões de crianças no mundo todo em carta pela ocasião da festa dos Santos Inocentes, celebrada no dia 28 de dezembro.
O papa também lembrou que atualmente 75 milhões de crianças tiveram que interromper sua educação por conta de emergências e crises prolongadas, e que em 2015 68% das vítimas de abuso sexual foram crianças.
Francisco afirmou que um terço das crianças que tiveram que viver fora de seus países o fizeram por conta de "deslocamentos forçados".
"Vivemos em um mundo onde quase a metade das crianças menores de 5 anos que morrem são vítimas da desnutrição", lamentou.
O pontífice acrescentou que em 2016 calcula-se que 150 milhões de crianças realizaram trabalho infantil, muitas delas "vivendo em condição de escravidão".
Por último, com base em um relatório realizado pelo Unicef, Francisco advertiu que "se a situação mundial não se reverter", em 2030 serão 167 milhões vivendo na extrema pobreza e, até lá, 69 milhões de menores de 5 anos morrerão e 60 milhões de crianças não terão acesso à escola básica primária.
Por isso, o papa ordenou aos bispos que cuidem da infância.
"Não deixemos que lhes roubem a alegria. Não nos deixemos roubar a alegria, cuidemos e ajudemos a crescer", instou.