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Papa pede respeito mútuo em primeira mensagem aos muçulmanos

Pontífice defende respeito em momento de radicalização islâmica e discriminação de muçulmanos no Ocidente

Papa Francisco: "este ano decidi assinar pessoalmente esta mensagem tradicional, como expressão de estima e amizade para com todos os muçulmanos", escreveu o papa (Luca Zennaro/AFP)
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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 12h35.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco enviou nesta sexta-feira uma mensagem pessoal aos muçulmanos e cristãos, na qual defende o respeito mútuo, no momento em que a radicalização islâmica coloca em risco os cristãos, e que os muçulmanos sofrem discriminação no Ocidente.

Para o Aid al-Fitr, o fim do Ramadã, o papa assinou a mensagem anual do Conselho Pontifício para o diálogo interreligioso do Vaticano, dirigido pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran.

"Este ano decidi assinar pessoalmente esta mensagem tradicional, como expressão de estima e amizade para com todos os muçulmanos", escreveu o papa.

No texto, o papa convidou os muçulmanos de todo o mundo, a quem chama de "meus amigos", a refletir, pedindo "a promoção do respeito mútuo através da educação para evitar "críticas injustificadas e difamações" por parte das duas religiões.

O papa ressalta que seu nome 'Francisco' é o mesmo de um santo que foi chamado de 'o Irmão universal'. Em 1219, Francisco atravessou as linhas de frente da quinta cruzada para ver o sultão al-Malik al-Kâmil.

"Somos chamados a respeitar em cada pessoa, primeiramente sua vida, sua integridade física, sua dignidade, seus direitos, sua reputação, seu patrimônio, sua identidade étnica e cultural, suas ideias e suas escolhas políticas. É por isso que nós somos chamados a refletir, a falar e a escrever de maneira respeitosa do outro, não apenas em sua presença, mas todos os dias e em todos os lugares, evitando a crítica injustificada ou difamatória", insistiu.


"Para este fim, a família, a escola, a educação religiosa e todas as formas de meios de comunicação desempenham um papel determinante", prosseguiu na mensagem, que leva o selo do cardeal Tauran, que ocupa este cargo sensível desde 2007.

Nas relações entre cristãos e muçulmanos, "somos chamados a respeitar a religião dos outros, seus ensinamentos, símbolos e valores. É por isso que reservamos um respeito particular aos líderes religiosos e locais de culto".

Os jovens, segundo a mensagem, devem ser "encorajados a pensar e a falar de maneira respeitosa das outras religiões e daqueles que as praticam, evitando ridicularizar ou denegrir suas convicções e ritos".

As piores caricaturas e o ódio religioso são veículados não apenas por certos meios de comunicação, sejam eles canais de extremistas muçulmanos ou sites de extrema-direita na Europa, mas também pela educação, quando a religião do outro é explicada de maneira caricatural, por vezes, ofensiva.

"Como são dolorosos esses ataques contra um ou outro!", escreveu o papa.

Várias igrejas têm sido incendiadas por islamitas, por exemplo, na Nigéria pelo grupo Boko Haram.

As relações entre o islã e o cristianismo foram prejudicadas em 2006 após as declarações do Bento XVI, que pareceu relacionar o islã e a violência.


A mesquita de Al-Azhar do Cairo, umas das autoridades do sunismo, rompeu suas relações com o Vaticano no início de 2011, depois que o papa condenou um atentado em Alexandria na qual muitos cristãos foram mortos.

"Os problemas não se davam com o Vaticano, mas com o ex-papa, agora as portas de Al-Azhar estão abertas", defendeu na primavera Mahmoud Abdel Gawad, influente conselheiro do imã Ahmed Al-Tayeb de Al-Azhar.

Na ocasião, ele desejou "um passo em frente da parte de Francisco, sugerindo uma intervenção onde ele diria que o Islã é uma religião pacífica, que os muçulmanos não buscam a guerra ou a violência", por ocasião do Ramadã.

O papa Francisco, em sua mensagem, não citou esses termos, mas ressaltou, no entanto, uma comunidade de valores sobre a "família".

A mensagem de 2013 é publicada em um contexto de tensão, onde, na educação e nos meios de comunicação, no Ocidente e no mundo Muçulmano, caricaturas são criadas sobre outras religiões. E no momento em que muitos cristãos, principalmente no berço do cristianismo, são impedidos de exercer sua religião e são perseguidos por grupos islamitas.

A conversão ao cristianismo é severamente punida. Em países como a Arábia Saudita, onde vários milhões de imigrantes cristãos vivem, não é possível construir uma única igreja.

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Cidade do Vaticano - O papa Francisco enviou nesta sexta-feira uma mensagem pessoal aos muçulmanos e cristãos, na qual defende o respeito mútuo, no momento em que a radicalização islâmica coloca em risco os cristãos, e que os muçulmanos sofrem discriminação no Ocidente.

Para o Aid al-Fitr, o fim do Ramadã, o papa assinou a mensagem anual do Conselho Pontifício para o diálogo interreligioso do Vaticano, dirigido pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran.

"Este ano decidi assinar pessoalmente esta mensagem tradicional, como expressão de estima e amizade para com todos os muçulmanos", escreveu o papa.

No texto, o papa convidou os muçulmanos de todo o mundo, a quem chama de "meus amigos", a refletir, pedindo "a promoção do respeito mútuo através da educação para evitar "críticas injustificadas e difamações" por parte das duas religiões.

O papa ressalta que seu nome 'Francisco' é o mesmo de um santo que foi chamado de 'o Irmão universal'. Em 1219, Francisco atravessou as linhas de frente da quinta cruzada para ver o sultão al-Malik al-Kâmil.

"Somos chamados a respeitar em cada pessoa, primeiramente sua vida, sua integridade física, sua dignidade, seus direitos, sua reputação, seu patrimônio, sua identidade étnica e cultural, suas ideias e suas escolhas políticas. É por isso que nós somos chamados a refletir, a falar e a escrever de maneira respeitosa do outro, não apenas em sua presença, mas todos os dias e em todos os lugares, evitando a crítica injustificada ou difamatória", insistiu.


"Para este fim, a família, a escola, a educação religiosa e todas as formas de meios de comunicação desempenham um papel determinante", prosseguiu na mensagem, que leva o selo do cardeal Tauran, que ocupa este cargo sensível desde 2007.

Nas relações entre cristãos e muçulmanos, "somos chamados a respeitar a religião dos outros, seus ensinamentos, símbolos e valores. É por isso que reservamos um respeito particular aos líderes religiosos e locais de culto".

Os jovens, segundo a mensagem, devem ser "encorajados a pensar e a falar de maneira respeitosa das outras religiões e daqueles que as praticam, evitando ridicularizar ou denegrir suas convicções e ritos".

As piores caricaturas e o ódio religioso são veículados não apenas por certos meios de comunicação, sejam eles canais de extremistas muçulmanos ou sites de extrema-direita na Europa, mas também pela educação, quando a religião do outro é explicada de maneira caricatural, por vezes, ofensiva.

"Como são dolorosos esses ataques contra um ou outro!", escreveu o papa.

Várias igrejas têm sido incendiadas por islamitas, por exemplo, na Nigéria pelo grupo Boko Haram.

As relações entre o islã e o cristianismo foram prejudicadas em 2006 após as declarações do Bento XVI, que pareceu relacionar o islã e a violência.


A mesquita de Al-Azhar do Cairo, umas das autoridades do sunismo, rompeu suas relações com o Vaticano no início de 2011, depois que o papa condenou um atentado em Alexandria na qual muitos cristãos foram mortos.

"Os problemas não se davam com o Vaticano, mas com o ex-papa, agora as portas de Al-Azhar estão abertas", defendeu na primavera Mahmoud Abdel Gawad, influente conselheiro do imã Ahmed Al-Tayeb de Al-Azhar.

Na ocasião, ele desejou "um passo em frente da parte de Francisco, sugerindo uma intervenção onde ele diria que o Islã é uma religião pacífica, que os muçulmanos não buscam a guerra ou a violência", por ocasião do Ramadã.

O papa Francisco, em sua mensagem, não citou esses termos, mas ressaltou, no entanto, uma comunidade de valores sobre a "família".

A mensagem de 2013 é publicada em um contexto de tensão, onde, na educação e nos meios de comunicação, no Ocidente e no mundo Muçulmano, caricaturas são criadas sobre outras religiões. E no momento em que muitos cristãos, principalmente no berço do cristianismo, são impedidos de exercer sua religião e são perseguidos por grupos islamitas.

A conversão ao cristianismo é severamente punida. Em países como a Arábia Saudita, onde vários milhões de imigrantes cristãos vivem, não é possível construir uma única igreja.

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