Mundo

Papa Francisco recebe presidente francês para reforçar laços

O encontro, que durou quarenta minutos, foi presidido por palavras de agradecimento de Hollande ao papa por sua solidariedade aos atentados que a França sofreu


	Encontro: "vim dizer ao papa que somos sensíveis às palavras que ele pronunciou e a sua ação, o que alivia nossa visão da humanidade", declarou Hollande
 (Osservatore Romano / Reuters)

Encontro: "vim dizer ao papa que somos sensíveis às palavras que ele pronunciou e a sua ação, o que alivia nossa visão da humanidade", declarou Hollande (Osservatore Romano / Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2016 às 16h11.

O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira (17) o presidente francês, François Hollande, no Vaticano, em uma reunião privada organizada três semanas depois do cruel assassinato de um padre em uma igreja da Normandia, a fim de reforçarem seus laços.

"Vim dizer ao papa que somos sensíveis às palavras que ele pronunciou e a sua ação, o que alivia nossa visão da humanidade", declarou Hollande poucos minutos antes do encontro.

O encontro, que durou quarenta minutos, foi presidido por palavras de agradecimento de Hollande ao papa por sua solidariedade e apoio depois dos atentados que a França sofreu.

O assassinato do padre francês - degolado em uma igreja no dia 26 de julho -, foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), e comoveu a França, um dos países mais católicos da Europa.

A audiência privada - a segunda desde a eleição do presidente socialista francês em maio de 2012 - foi anunciada na segunda-feira (15), dia em que os católicos celebram a Assunção de Nossa Senhora.

Antes de se reunir com o papa, o chefe de Estado francês, que viaja acompanhado pelo ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, visitou a igreja de São Luís dos Franceses, no coração de Roma.

Construída pelos reis da França e administrada por Paris, Hollande entrou na capela dedicada às vítimas do terrorismo para rezar. Não muito longe estavam pinturas do evangelista São Mateus, feitas por Caravaggio em 1600, período barroco.

O clima na França é de alerta máximo depois da série de atentados ocorridos no país. O santuário de Lourdes, por exemplo, visitado por milhares de peregrinos de todo o mundo, foi colocado sob alta segurança devido a ameaça terrorista.

Poucas horas após o assassinato do padre Jacques Hamel na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na Normandia, Hollande falou por telefone com o pontífice, a quem prometeu fazer todo o possível para proteger as igrejas.

França profanada

"Quando um sacerdote é atacado, toda a França é profanada", repetiu nesta quarta-feira o presidente francês ao recordar as palavras ditas ao pontífice durante a conversa por telefone.

As autoridades francesas organizaram eventos nas igrejas e mesquitas para aliviar as tensões inter-religiosas em um país marcado por séculos de catolicismo, mas que conta com milhares de muçulmanos.

"A laicidade não é uma mensagem que fere, mas que une", explicou Hollande ao ser questionado sobre um dos princípios irrenunciáveis da França e que gerou incompreensões com o Vaticano.

O papa Francisco, por sua vez, multiplicou as mensagens de apoio à França, afetada pelo atentado a Nice, que matou 85 pessoas no dia 14 de julho - dia da festa nacional.

No último 17 de julho, diante de milhares de fiéis reunidos na praça de São Pedro no horário da oração do Angelus, o pontífice manifestou sua proximidade com "cada uma das famílias", assim como com toda a nação francesa.

O papa também enfatizou que deve-se rejeitar qualquer situação que relacione o Islã com o terrorismo.

"Não acho que seja justo vincular o Islã à violência", assegurou em 1 de agosto à imprensa durante seu retorno a Roma, após a Jornada Mundial da Juventude que aconteceu em Cracóvia, na Polônia.

O papa e Hollande provavelmente trataram também da situação dos cristãos no Oriente, assunto abordado por telefone em 26 de julho.

Hollande é sensível ao "sofrimento" dos cristãos, especialmente no Iraque e na Síria, já que considera sua presença "indispensável" para o equilíbrio da região.

A presidência francesa espera com esta visita encerrar as tensões diplomáticas registradas durante os primeiros cinco anos de governo Hollande depois da adoção, em 2013, da lei que permite o casamento homossexual, rechaçada pela Igreja católica.

A Santa Sé também se negou a confirmar Laurent Stefanini como embaixador da França, em 2015, por ele ser católico praticante e homossexual.

Depois de um ano com o cargo vago, Phillipe Zeller, outro diplomata, assumiu em junho.

Acompanhe tudo sobre:EuropaFrançaFrançois HollandePaíses ricosPapa FranciscoPapasPolíticos

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua