Papa diz para Avós da Praça de Maio contarem com ele
Ativistas pediram ao papa que se abram os arquivos da Igreja argentina e do Vaticano para ajudar a averiguar o destino de 400 filhos de desaparecidos políticos
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2013 às 14h06.
Cidade do Vaticano - O papa Francisco afirmou nesta quarta-feira à Associação Civil Avós da Praça de Maio, uma organização de direitos humanos que visa localizar todas as crianças sequestradas ou desaparecidas durante a ditadura militar argentina, "contarem com ele" na busca de seus familiares.
Após o encontro que manteve hoje com o papa no Vaticano, o qual foi realizado no final da audiência pública das quartas-feiras, a presidente da organização, Estela de Carloto, confirmou aos jornalistas esta disposição transmitida pelo pontífice.
"Contem comigo, eu estou a disposição", afirmou o papa Francisco a Estela, que compareceu à audiência junto a Juan Cabandié, filho de um dos desaparecidos durante a ditadura militar argentina e Buscarita Roa, uma integrante da associação.
As Avós da Praça de Maio pediram ao papa que se abram os arquivos da Igreja argentina e do Vaticano para ajudar a averiguar o destino de 400 filhos de desaparecidos, seus netos, que ainda não foram identificados e que foram separados de seus pais quando os mesmos foram presos e assassinados pela ditadura.
Durante o encontro, Estela afirmou ao papa que tinha ido ao Vaticano para lhe pedir ajuda na missão de encontrar seus netos e, segundo ela, o papa Francisco lhe respondeu duas vezes: "contem comigo, contem conosco ".
"Isso é muito significativo. Trata-se da confirmação de um compromisso do papa, um compromisso da Igreja", acrescentou a Avó de Praça de Maio, que ressaltou que o pontífice, quando era somente Bispo de Buenos Aires, "nunca falou nos desaparecidos". "Isso nos machucava muito", completou.
Após o encontro com o papa Francisco, Estela também fez questão de reiterar que a cúpula da igreja Argentina foi cúmplice da ditadura, "muito por omissão", e que não estão pedindo que lhes peçam perdão, "apenas que ajudem a encontrar nossos netos, já que não queremos morrer sem os conhecer e sem transmitir que seus pais lutaram para que nunca mais houvesse ditaduras".
"A Igreja sabe. Algumas comunidades de freiras recebiam nossos netos, que depois repassavam os mesmos a outras famílias. Isso está escrito e pode ser comprovados nos arquivos. Não estamos pedindo nada impossível", acrescentou Estela.
A representante das Avós da Praça de Maio contou que sua filha foi assassinada pelos militares apenas dois meses depois de ter dado à luz. "Voltaremos convencidos de que iniciaremos uma nova fase", completou a ativista, que se mostrou muito emocionada e satisfeita por ter a mão beijada por um papa argentino, embora isso não fosse o bastante.
"A história não se apaga com um abraço ou um beijo. As criticas também não foram apagadas, já que ele nunca havia falado nos desaparecidos e sobre nossos netos. Mas, essas eram críticas construtivas. Isso não é nenhuma ofensa, é uma verdade e a verdade não ofende", apontou.
"Não há orgulho nessa busca e não podemos dizer: "como nunca falou sobre isso, viemos vê-lo". Hoje o papa é ouvido por milhões de pessoas que põem em pratica seus conselhos. O encontro de hoje nos dá esperança, esperança não por ter tocado a mão de um papa, mas por ter aberto o caminho dos encontros, algo que é fundamental", finalizou. EFE
Cidade do Vaticano - O papa Francisco afirmou nesta quarta-feira à Associação Civil Avós da Praça de Maio, uma organização de direitos humanos que visa localizar todas as crianças sequestradas ou desaparecidas durante a ditadura militar argentina, "contarem com ele" na busca de seus familiares.
Após o encontro que manteve hoje com o papa no Vaticano, o qual foi realizado no final da audiência pública das quartas-feiras, a presidente da organização, Estela de Carloto, confirmou aos jornalistas esta disposição transmitida pelo pontífice.
"Contem comigo, eu estou a disposição", afirmou o papa Francisco a Estela, que compareceu à audiência junto a Juan Cabandié, filho de um dos desaparecidos durante a ditadura militar argentina e Buscarita Roa, uma integrante da associação.
As Avós da Praça de Maio pediram ao papa que se abram os arquivos da Igreja argentina e do Vaticano para ajudar a averiguar o destino de 400 filhos de desaparecidos, seus netos, que ainda não foram identificados e que foram separados de seus pais quando os mesmos foram presos e assassinados pela ditadura.
Durante o encontro, Estela afirmou ao papa que tinha ido ao Vaticano para lhe pedir ajuda na missão de encontrar seus netos e, segundo ela, o papa Francisco lhe respondeu duas vezes: "contem comigo, contem conosco ".
"Isso é muito significativo. Trata-se da confirmação de um compromisso do papa, um compromisso da Igreja", acrescentou a Avó de Praça de Maio, que ressaltou que o pontífice, quando era somente Bispo de Buenos Aires, "nunca falou nos desaparecidos". "Isso nos machucava muito", completou.
Após o encontro com o papa Francisco, Estela também fez questão de reiterar que a cúpula da igreja Argentina foi cúmplice da ditadura, "muito por omissão", e que não estão pedindo que lhes peçam perdão, "apenas que ajudem a encontrar nossos netos, já que não queremos morrer sem os conhecer e sem transmitir que seus pais lutaram para que nunca mais houvesse ditaduras".
"A Igreja sabe. Algumas comunidades de freiras recebiam nossos netos, que depois repassavam os mesmos a outras famílias. Isso está escrito e pode ser comprovados nos arquivos. Não estamos pedindo nada impossível", acrescentou Estela.
A representante das Avós da Praça de Maio contou que sua filha foi assassinada pelos militares apenas dois meses depois de ter dado à luz. "Voltaremos convencidos de que iniciaremos uma nova fase", completou a ativista, que se mostrou muito emocionada e satisfeita por ter a mão beijada por um papa argentino, embora isso não fosse o bastante.
"A história não se apaga com um abraço ou um beijo. As criticas também não foram apagadas, já que ele nunca havia falado nos desaparecidos e sobre nossos netos. Mas, essas eram críticas construtivas. Isso não é nenhuma ofensa, é uma verdade e a verdade não ofende", apontou.
"Não há orgulho nessa busca e não podemos dizer: "como nunca falou sobre isso, viemos vê-lo". Hoje o papa é ouvido por milhões de pessoas que põem em pratica seus conselhos. O encontro de hoje nos dá esperança, esperança não por ter tocado a mão de um papa, mas por ter aberto o caminho dos encontros, algo que é fundamental", finalizou. EFE