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Papa defende imigrantes e contraria governo durante viagem à Bulgária

Para impedir a entrada de imigrantes, a Bulgária construiu uma cerca ao longo da fronteira com a Turquia e intensificou a vigilância na divisa com a Grécia

Bulgária: o papa pediu que os líderes de governo "não fecharem seus olhos àqueles que batem em sua porta" (Stoyan Nenov/Reuters)

Bulgária: o papa pediu que os líderes de governo "não fecharem seus olhos àqueles que batem em sua porta" (Stoyan Nenov/Reuters)

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Reuters

Publicado em 6 de maio de 2019 às 12h11.

Rakovski — O papa Francisco disse nesta segunda-feira que o sofrimento dos imigrantes e refugiados é "a cruz da humanidade", defendendo a causa deles pelo segundo dia consecutivo de uma visita à Bulgária durante a qual entrou em choque com o governo.

O governo de coalizão de centro-direita da Bulgária, que inclui três partidos nacionalistas anti-imigrantes, quer que a União Europeia feche suas fronteiras externas para os imigrantes e monte centros para refugiados fora do bloco.

O país construiu uma cerca ao longo da fronteira com a Turquia e intensificou a vigilância na divisa com a Grécia para ajudar a impedir uma repetição do influxo imigratório que assolou a Europa em 2015 e incentivou o apoio a partidos anti-imigrantes de extrema-direita.

Francisco iniciou seu segundo dia na Bulgária com uma visita a um centro para refugiados de Sófia, onde se encontrou com cerca de 50 pessoas que são amparadas por uma instituição de caridade católica.

"Hoje, o mundo dos imigrantes e refugiados é um pouco como uma cruz, a cruz da humanidade, uma cruz que muitas pessoas sofrem", disse-lhes em comentários improvisados depois de ouvir algumas de suas histórias e ouvir crianças cantando.

O centro, sediado no prédio de uma antiga escola, ajuda sobretudo imigrantes da Síria, do Afeganistão e do Iraque.

Um organizador do centro para refugiados disse ao papa que pessoas de todos os credos, inclusive muitos muçulmanos, se ofereceram para ajudar os imigrantes, um sinal de diálogo interreligioso.

Mais tarde, Francisco voou para Rakovski, cidade predominantemente católica do sul de um país de maioria ortodoxa oriental, para rezar uma missa.

Pouco após sua chegada à Bulgária, no domingo, Francisco, que fez da defesa dos imigrantes um dos pilares de seu pontificado, exortou líderes de governo diretamente a "não fecharem seus olhos, seus corações ou suas mãos, de acordo com sua melhor tradição, àqueles que batem em sua porta".

A Bulgária, o país mais pobre da UE, adotou uma postura anti-imigrante apesar de ter uma população que envelhece rapidamente e uma taxa de natalidade baixa. Mais de dois milhões de búlgaros deixaram o país desde a queda do comunismo, em 1989, em busca de oportunidades melhores na Europa Ocidental e além.

Um dos objetivos da excursão de três dias do papa à Bulgária e à Macedônia do Norte é melhorar as relações com as igrejas ortodoxas, parte de uma investida do Vaticano por uma união eventual entre os ramos ocidental e oriental do cristianismo, que se separaram em 1054.

Francisco encerra a turnê viajando à Macedônia do Norte na terça-feira.

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